REFLEXÕES

Sentir distância é mais do que estar longe

Imagem de capa: Gajus, Shutterstock

Às vezes a distância é medida em quilômetros, e às vezes a distância não é questão de afastamento corporal, e sim de almas. Posso estar perto e senti-lo longe, posso estar tocando-o e, apesar disso, sentir que você não está ao meu lado. A distância é uma inimiga de qualquer relação, que vai criando pontes cada vez mais difíceis de cruzar e, sobretudo, vai roubando a vontade de querer atravessá-las. Nós criamos estas pontes, e por isso temos a mesma responsabilidade ao construí-las do que ao derrubá-las.

Não é questão de ver-se todos os dias, não é questão de precisar do contato permanente com o outro para estar perto, e sim da conexão e cumplicidade para criar a magia de não precisar estar próximo para se sentir unido. O sentimento que é consequência disso, mas que às vezes também pode ser a causa, é a saudade. Mas, realmente sentimos a falta da pessoa?

“Sinto sua falta e a saudade não cabe em meu peito. Sua ausência percorre meu corpo e cada canto da casa tem o seu cheiro”.
-Alejandro Separza-

Ter saudade das lembranças é sentir nostalgia por uma parte do caminho que dizemos. Uma porção que agora faz parte de nós em nossa mente, mas sentir a falta das pessoas é querer permanecer e não deixar que se acabe este trajeto. Assim, quando sentimos saudade de alguém, lutamos para permanecer juntos a ela.

Relações à distância

As relações com quilômetros de distância dificultam o intercâmbio, independentemente de serem amorosas, de amizade ou familiares. Por isso temos que fazer um esforço “extra” para encurtar o caminho e aproximar as almas. A vontade e a paixão que surgem após um período sem se ver podem ser pontos a favor, aproveitar ao máximo cada segundo que estão juntos ajudará a criar mais laços e fortalecer a união.

Permanecer longe e ter somente a oportunidade de conversar, sem o contato físico, é um desafio para a comunicação e a intimidade dentro das relações, conforme demonstra o estudo realizado pela pesquisadora Crystal Jiang da Universidade de Hong Kong e o professor Jeffrey Hancock da Universidade Cornell, nos Estados Unidos. Assim, trabalhar as relações à distância é uma tarefa de cada um (o que não significa que os envolvidos tenham que fazê-lo separadamente). É preciso se esforçar para fazer com que, ainda que o tempo passe, no momento em que ambos se encontrem sintam que permaneceram juntos todos os dias, talvez não fisicamente, mas mentalmente.

Aproveitar as oportunidades que aparecem

Cada vez mais é normal conhecer casais que vivem separados, famílias que tiveram que se distanciar ou amigos que não vivem mais na mesma cidade. Deixar que a distância exerça suas forças e nos darmos por vencido e perder o contato não é uma das opções que devemos ter em mente.

Será preciso melhorar a comunicação, aproveitando todas as oportunidades de que dispomos para encurtar quilômetros, como videochamadas, conversas imediatas por mensagens, etc. A tecnologia avança a passos gigantes, e pode se transformar em uma grande aliada para nos sentirmos perto inclusive quando estamos longe.

A confiança no outro vai nos dar a oportunidade de permanecer serenos diante das adversidades, e vai constituir um grande ponto de apoio para saber esperar e valorizar aquilo com o que contamos. A vontade de abraçar o outro depois de um tempo, de idealizar e desejar permanecer com a pessoa, o quão bonito é sentir saudade quando se está longe, são coisas que às vezes perdemos no dia a dia e para as quais a distância pode nos abrir os olhos.

“Não se esqueça de cuidar dela caso amanhã, em vez de vê-la, você só possa imaginá-la”.
-Gabriel Garcia Marquez-

Aproveitemos o tempo e a proximidade e trabalhemos para aproximar as almas a cada dia quando a distância for a protagonista em nossos sentimentos. Além disso, é importante tentar definir uma data de validade para esta distância, porque sempre se vive melhor com uma expectativa concreta.

Fonte indicada: A Mente é Maravilhosa

A Soma de Todos Afetos

Blog oficial da escritora Fabíola Simões que, em 2015, publicou seu primeiro livro: "A Soma de todos Afetos".

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