André J. Gomes

O que faz um casamento feliz não é a sorte. É o amor dos noivos.

Imagem de capa: Natalia Kabliuk, Shutterstock

Então alguém decide se casar. De repente, no meio de tanta gente bagunçando a vida, uns se odiando aqui, outros tentando agradar todo mundo ali, alguém é capaz de um gesto simples, verdadeiro e bom: olhando nos olhos do ser amado, pede-lhe a mão em casamento, ouve um “sim” emocionado e pronto. O mundo ficou mais bonito.

Porque você sabe: o que deixa o mundo mais bonito não são as grandes resoluções políticas inalcançáveis, os programas sociais do governo, as decisões restritas a poucas mãos, a boa vontade dos líderes mundiais ou a vaidade dos gatos pingados nadando em dinheiro que, de quando em vez, decidem distribuir cestas básicas para aplacar sua consciência. Isso até ajuda, mas não basta. O que deixa tudo melhor mesmo é o amor.

Quem faz das suas por um mundo justo, inclusivo, tolerante e livre nem sempre são super-heróis, empresários bilionários, filantropos poderosos. São pessoas que amam a vida e sua gente. Assim, de amar o que fazem e o que são, elas vão fazendo a coisa entrar nos eixos.

E me perdoem os céticos, mas eu ainda acho que casar é uma boa forma de praticar amor. Quando alguém se casa, desafiando todos os motivos contrários, os conselhos pessimistas, as piadas que transformaram o matrimônio em tortura, alguma coisa pequenininha acende aqui dentro de mim. É uma emoção sem nome, mistura de alegria e de coragem, de respeito e de esperança. Alguém vai se casar porque sente amor!

Confesso. Eu sou dessa gente que chora em casamento. Não é o tipo da coisa que se diga numa entrevista de emprego. Uma entrevistadora muito séria e competente vai anotar na sua ficha: “desequilibrado emocional”. Mas como aqui ninguém está avaliando o currículo de ninguém, eu repito. Choro de olhar os noivos vivendo seu sonho, os sogros e as sogras se dando conta de que suas crianças cresceram e agora vão ganhar o mundo, as madrinhas borrando a maquiagem, as daminhas bagunçando a igreja, correndo pelo salão, enchendo a cerimônia de festa infantil, como o futuro que se anuncia leve, divertido e feliz. O futuro falando com voz de criança.

Nessa hora eu choro mesmo. Eu, que conheci a felicidade conjugal por duas vezes mas até agora não tive uma cerimônia de casamento, choro de ver gente casando. É choro de alegria. Aquela alegria segura de saber que dali em diante, enquanto tudo acontecer lá fora, os noivos estarão juntos. No frio e no calor, na chuva e no sol. Na música, no silêncio. Na dor, no prazer. No trabalho ou na falta dele, na luta de cada dia, na presença e na saudade, na chegada e na partida, quem se casa escolhe viver em paz nesse tempo tão afeito ao conflito. Não é pouco, não.

A todas as pessoas que decidem ficar juntas, se amando, se ajudando, trabalhando e cooperando por seu amor, vai aqui minha gratidão. Obrigado por deixarem o mundo mais bonito. Que a vida se transforme numa festa sem fim e a felicidade lhes seja franca, farta, generosa e lírica como as cantoras de ópera.

E a nós, que de olhar pessoas queridas se casando enchemos os olhos d’água e o coração de alegria, que os intervalos entre uma festa e outra sejam sempre e cada vez menores. Esse mundo anda mesmo carecido de amor e beleza.

(para os noivos Bruno e Daniela, doravante Senhor e Senhora Marte)

André J. Gomes

Jornalista de formação, publicitário de ofício, professor por desafio e escritor por amor à causa.

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André J. Gomes

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