Jéssica Pellegrini

“Não tem a ver com você. O problema sou eu…”

Imagem de capa: Alexandra Dikaia, Shutterstock

Realmente, o problema está todo em mim. Essa covardia de abrir mão do que eu poderia tentar outra vez, de novo e não desistir. O problema está em mim quando discutimos e eu quero sempre sair com a razão. O problema está em mim, quando por qualquer descuido, eu deixo passar despercebido detalhes que fariam toda a diferença em nosso relacionamento. O problema sou eu, que não abro mão de muita coisa porque eu não posso, não consigo ou, simplesmente, não quero. O problema sou eu, que imponho limites para te fazer sorrir. O problema sou eu, quando você, gentilmente, me faz um agrado e eu chego do trabalho descontando o estresse em você. O problema sou eu, que faço comentários desagradáveis e desnecessários na frente de terceiros. O problema está, completamente, em mim, quando você quer ter apenas uma noite agradável ao meu lado e eu passo horas mexendo no celular, sem nem, sequer, olhar para você. O problema sou eu, quando você esquece de pegar a toalha ou o sabonete do banho acaba, e eu estou com a agenda ocupada demais escolhendo um filme e finjo não escutar você falar comigo. O problema sou eu, quando você, no meio da tarde, me liga, e eu ignoro porque não estou afim de conversar ou sem paciência para te escutar. O problema sou eu, que não sinto o mesmo que você e, que cedo ou tarde, agora resolvi colocar um ponto final nessa história.

Não tem nada a ver com você. Talvez seja o meu jeito grosseiro de resolver as crises e lidar com os problemas. O problema sou eu, que falo besteiras sem pensar, como se não houvessem filtros de linguagem. O problema sou eu, quando estamos viajando para algum lugar incrível e eu invento motivos para retrucar. O problema sou eu, quando depois de uma discussão, você vem atrás de mim para resolvermos o quanto antes, mas eu continuo com o orgulho exalando pelos poros. O problema sou eu, quando e despeço rapidamente de você falando que vou dormir, mas na verdade, estou me arrumando para sair com amigos. O problema é todo meu, quando estrago os momentos por ciúmes. Por cismar com você por nada e do nada, como se você me fizesse algum mal. O problema sou eu, quando demoro para responder as suas mensagens de urgência, quando não presto socorro às suas necessidades. O problema sou eu, que caminho de mãos dadas com você, sem saber para onde eu realmente quero ir. O problema sou eu, e eu juro que estou tentando resolver isso.

O problema sou eu, que não valorizo as suas qualidades e atitudes. O problema sou eu, que desejarei alguém como você ao meu lado daqui algum tempo, mas você já estará longe demais do meu alcance. O problema é que eu não sei muito bem o que eu quero, mas eu não quero você. O problema sou eu, que não te assumo e acabo te prendendo nessa ilusão. O problema sou eu, que não estou querendo viver um grande lance de amor. O problema sou eu, que não estou com a paixão aflorando na pele como deveria estar. O problema sou eu, que não consigo prosperar planos maiores com a sua companhia. O problema sou eu, que não tenho disposição para largar a solteirice e engatar algo sério. O problema sou eu, que nessa altura do campeonato, jogo na defensiva. O problema sou eu, que não sei onde desejo chegar, mas sei que aqui eu não quero estar. O problema sou eu, que omito verdades que você nem deve imaginar. O problema sou eu, que estou no presente, pensando no passado. O problema sou eu, que não desvinculei antigos contatos. O problema sou eu, e não há nada que você faça para mudar essa lamentável realidade.

Se para mim é tanto faz, por favor, não me peça para ficar de onde eu quero partir. Você merece o melhor, meu bem. E, francamente, não sou sua melhor opção. Aprenda que quem quer, não vai embora. Insiste. Persiste. O que sentimos não é recíproco e eu não quero te culpar por não darmos certo. Você fez tudo o que estava ao seu alcance, até mais do que deveria ou eu merecia. Você tentou. Abraçou a causa. Entrou na guerra, enfrentou e acabou saindo sangrando.

Eu não participei das batalhas, então, não vou minimizar a sua luta.

Nessa fase transitória, eu não me recomendaria à ninguém.

Mantenha distância!

Jéssica Pellegrini

Nunca confie em uma escritora confusa e romântica. As controversas entre um texto de amor e outro de desilusão, podem causar questionamentos pessoais. Consequentemente, sequelas mais graves.

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