Marcel Camargo

Não há nada que se possa fazer quando o outro não quer mais ficar

Imagem de capa: wk1003mike, Shutterstock

Quando o rompimento vem à tona, todos os indícios de que aquilo seria inevitável já foram dados, porém, uma das partes simplesmente os ignorou o tempo todo. E, assim que o outro decide partir, nada mais o mantém – nada.

Sempre que alguém sai de nossas vidas por conta própria, temos a sensação de que poderíamos ter feito alguma coisa para impedi-lo. Ficamos nos questionando se não poderíamos ter tentado mais um pouco, se não deveríamos ter feito isso ou aquilo, se deveríamos ter agido dessa ou daquela forma. E então a gente carrega um monte de peso que, muitas vezes, nem é nosso, tampouco deveria passar pela nossa mente.

A verdade é que não sabemos lidar direito com as perdas e com os fracassos, uma vez que queremos sempre vencer, na vida em tudo o que dela faz parte, porque é assim que somos ensinados desde sempre. Inundados pelos finais felizes folhetinescos e pela cultura do “seja um vencedor”, pouco refletimos acerca do que pode vir a não dar certo em nossa jornada, embora tantas e tantas coisas não deem certo para ninguém.

Assim, quando nos deparamos com os nãos que batem à nossa porta, sentimo-nos totalmente desolados, como se não houvesse mais nenhuma opção no mundo a não ser aquela que não vingou. Parece que ninguém se lembra de que as pessoas vão embora, muitos planos escorrem água abaixo, empregos não são eternos, e por aí vai. A gente quer ficar com tudo, com todos, mas a realidade da vida não chega nem perto disso.

Fato é que ninguém é obrigado a gostar de ninguém para sempre, simplesmente porque ninguém é igual todos os dias, por uma vida inteira. As pessoas vão se moldando, à medida que o tempo passa e conforme digerem aquilo que lhes acontece. Aquele indivíduo de hoje muito provavelmente não será o mesmo daqui a algum tempo, pois nada nem ninguém permanecem exatamente iguais. E, nesse compasso, pode haver descompasso entre os envolvidos.

Muito provavelmente, quando o outro decide partir, é porque aquela ideia já foi maturada dentro dele há tempos – ninguém acorda e, de repente, decide não querer mais. Quando o rompimento vem à tona, todos os indícios de que aquilo seria inevitável já foram dados, porém, uma das partes simplesmente os ignorou o tempo todo. E, assim que o outro decide partir, nada mais o mantém – nada.

Se fizemos o nosso melhor e partilhamos as verdades que nos importavam, não há o que lamentar. Se erramos e sentimos que provocamos a partida alheia, cabe-nos aprender a não voltar a repetir os erros, quando o próximo amor chegar. Embora seja complicado, quanto menos culpa sentirmos, mais aptos estaremos para abraçar tudo de novo que sempre virá em nossa direção. E sempre virá.

Marcel Camargo

"Escrever é como compartilhar olhares, tão vital quanto respirar".

Recent Posts

Esse filme de romance da Netflix é a dose leve e reconfortante que seu fim de ano precisa

Se você é fã de histórias apaixonantes e da fórmula que consagrou Nicholas Sparks como…

2 dias ago

Na Netflix: Romance mais comentado de 2024 conquista corações com delicadeza e originalidade

Se você está à procura de um filme que mistura sensibilidade, poesia e uma boa…

4 dias ago

Pessoas que foram mimadas na infância: as 7 características mais comuns na vida adulta

Uma infância marcada por mimos excessivos pode deixar marcas duradouras na personalidade de um adulto.…

6 dias ago

“Gênios”: Saiba quais são as 4 manias que revelam as pessoas com altas habilidades

Alguns hábitos podem parecer apenas peculiaridades do cotidiano, mas segundo estudos psicológicos e pesquisas científicas…

6 dias ago

As 3 idades em que o envelhecimento do cérebro se acelera, segundo a ciência

O envelhecimento é um processo inevitável, mas não linear. Recentemente, cientistas do Primeiro Hospital Afiliado…

1 semana ago

Desapegue: 10 coisas para retirar da sua casa antes de 31 de dezembro

Fim de ano é sinônimo de renovacão. Enquanto muitos fazem balanços pessoais, é também um…

1 semana ago