Ana Macarini

A beleza de perder-se nos olhos de um outro alguém

Imagem de capa: ESB Professional, Shutterstock

Há quem acredite que estamos todos perdidos, sempre em busca de alguém que nos encontre e nos reconecte a algo de genuíno e amoroso que ficou guardado em algum cantinho da vida, quando éramos ligados ao amor primordial.

Há quem afirme de forma categórica que somos metades perfeitas de outras metades que andam por aí à nossa procura, porque também são metades perfeitas, faltando um pedaço. É… dizendo assim dessa forma meio descritiva parece não fazer nenhum sentido, não é mesmo?

Algumas pessoas afirmam ter encontrado na solteirice a oportunidade ideal para melhor conhecer-se, descobrir seus reais sonhos e anseios, estar em paz… finalmente em paz.
Outros, ainda, depois de muitas cabeçadas em paredes de vidro, muito murro em ponta de faca e muita água mole em pedra dura, acabam por assumir que não levam muito jeito para esse tal de amor eterno e que, por isso mesmo, resolveram aderir a muitos amores passageiros.

Tem gente que vai amar para sempre de um jeito meio adolescente, e vai viver na dependência de situações conflituosas para manter acesa a chama e vivo o interesse; vai viver na corda bamba de uma relação de morde e assopra, acreditando que é assim que tem que ser, que amor precisa doer e mais um tanto de outras crenças que se multiplicam em histórias tórridas e intempestivas.

E tem, aqueles que amam ser amados, mas não levam muito jeito para amar; gostam de ser paparicados, esperam a idolatria dos parceiros como uma forma de perpetuar aquele amor incondicional que lhes foi ofertado num processo de amamentação infinito, que se estendeu além do que seria compreensível e saudável.

Por fim, há aquela gente maravilhosa que vaza amor pelos braços, e pernas, e abraços. Aquela gente iluminada que nasceu com o coração tomando conta de tudo ao seu redor. Amam com a facilidade de quem nasceu sabendo amar, é uma delícia tê-las por perto, é delicioso amá-las.

Todo mundo, no entanto, deveria – por direito e por presente -, ter a sorte de um amor que é alegria em sua essência. Não é resgate. Não é complemento. Não é libertação. Não é redemoinho. Não é tempestade. Não é lastro. É a beleza de perder-se nos olhos de um outro alguém, porque é ali que se pode ler toda uma história… uma história com muitos começos e recomeços, com meios temperados pelo sal do suor e das lágrimas, e equilibrada pelo doce da partilha fácil e espontânea. Uma história que há de continuar sendo escrita enquanto estiver viva a semente que a fez nascer.

Ana Macarini

"Ana Macarini é Psicopedagoga e Mestre em Disfunções de Leitura e Escrita. Acredita que todas as palavras têm vida e, exatamente por isso, possuem a capacidade mágica de serem ressignificadas a partir dos olhos de quem as lê!"

Share
Published by
Ana Macarini

Recent Posts

Só os mais atentos conseguem desvendar o 2º rosto dessa ilusão de ótica

Uma nova ilusão de ótica tem desafiado os internautas, com uma imagem que esconde um…

18 horas ago

A comédia romântica da Netflix que promete conquistar seu coração e te levar a lugares paradisíacos

A sequência do aclamado musical “Mamma Mia!” fez sucesso entre os fãs do musical e…

19 horas ago

Hemocentro de cães e gatos convive também com a falta de sangue para salvar os animais

Hemocentro de cães e gatos convive também com a falta de sangue para salvar os…

1 dia ago

Você precisa sempre deixar a casa arrumada? Saiba o que diz a psicologia sobre esse hábito

Ter uma casa impecavelmente organizada pode parecer apenas uma preferência, mas para a psicologia, esse…

2 dias ago

Esta comédia romântica da Netflix tem um charme irresistível que vai derreter seu coração

Prepare-se para uma experiência cinematográfica que mistura romance, nostalgia e os encantos de uma Nova…

2 dias ago

Esportes infantis: equipamentos e acessórios indispensáveis para seu filho brilhar

Saiba o que não pode faltar para que seu filho pratique esportes com conforto

2 dias ago