Thamilly Rozendo

Atrações físicas são comuns, mas conexões mentais são raras.

Imagem de capa: Volodymyr Tverdokhlib, Shutterstock

Você conhece alguém que faz você sentir aquele friozinho na barriga, alguém que, com o toque, faça você estremecer? É comum vermos bocas que nos atraiam, sorrisos que nos desmontam e olhares que nos encantam. É comum nos atrairmos pelo perfume bom que fica em nós depois do abraço.

Mas como é difícil aquela conexão mental daquela conversa boa de que você não quer se despedir. De quem faz você abrir o seu coração; aquela conversa boa que permite que você seja simplesmente você. Como é raro ter alguém para falar das nossas paixões malucas, dos nossos gostos peculiares e dizer ao outro o quanto detestamos dieta. É raro encontrar alguém com quem a gente possa falar sem medo da reprovação e que ri da nossa risada de porquinho.

Como é bom e raro ter alguém que ache os nossos planos incríveis, enquanto muitos veem como bobagem. É raro ver alguém interessado em nos ouvir e não apenas em nos beijar, quem queira realmente nos conhecer do avesso e não com beijos calorosos que dão sinal para outra coisa. É raro alguém que queira conhecer a nossa alma, o nosso caráter, e que veja o nosso coração e não apenas o nosso corpo.

É raro quem olha para nossa alma e queira escutar as nossas histórias. É raro quem queira rir conosco das bobagens dessa vida e que divida as suas piadas mais sem graça nos fazendo rir.

É comum quem chega e arrepia com um beijo ao pé do ouvido, difícil é quem vem e nos arrepia com uma conversa boa, daquelas que você não se cansa, daquelas que dispensa o beijo e aguça o desejo de conhecer mais sobre esse alguém. É fácil quem vem e faz com que nos apaixonemos pelo jeito que nos olha, difícil é quem vem e queira olhar para a nossa alma e nossa história.

Em um mundo de tantos disfarces e coisas passageiras, é raro quem “perde” o seu tempo com uma conversa boa e, mais ainda, quem nos faz “perder” tempo com ideias interessantes, sonhos cativantes. É raro pessoas que no fazem querer sempre mais e mais e que entendam as nossas dores. Atrações físicas não são uma raridade, mas conexões mentais, gente que acolhe o nosso sofrimento e que sempre vê algo por detrás do nosso sorriso, não é só raro como nobre e bonito.

Sim, atração física é importante, mas não é tudo e está longe de sustentar uma conversa. Está longe de ser amor ou de nos fazer ter confiança nesse alguém. Porque bom mesmo é podermos ser nós mesmos e termos alguém que desperte aquela vontade de sermos sempre melhores. Difícil é quem não olha apenas para as curvas, mas contempla o nosso sorriso, a nossa inteligência e se interesse pelos nossos sonhos. Alguém que se interesse pela nossa vida e que queira escutar sobre o nosso dia a dia tão comum.

Como é empolgante conhecer alguém assim, cuja conversa flui, as ideias coincidem e, mesmo que haja discordância, o outro sabe como respeitar as diferenças, sem tentar impor, sem tentar convencer. E, então, esse alguém se torna cada vez mais interessante, não pelo beijo, pelo toque ou pelo perfume, mas pela conversa, pela forma como se interessa em nos conhecer de fato.

Thamilly Rozendo

Estudante de psicologia, apaixonada por artes, música e poesia. Não dispensa um sorvete e adora um pastel de feira com muito requeijão, mesmo sendo intolerante a lactose. Tem pavor de borboletas, principalmente as no estômago.

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