Imagem de capa: BlurryMe, Shutterstock
Dizer e ouvir verdades não são atitudes prazerosas. A verdade liberta, mas também fere. Saber que você engordou, que ela teve outros namorados mais interessantes que você e que a sua piada foi sem graça é ter a alma rasgada. Talvez, por isso as pessoas a evitem tanto. Mentem para o médico, para o chefe, para a companheira. Como dizia Oscar Wilde: “Um pouco de sinceridade pode ser bem perigoso, muita sinceridade é absolutamente fatal.”
A verdade é que se tratando da mentira não existem inocentes. Em algum momento, todos já mentiram ou distorceram a verdade. Voluntária ou involuntariamente, a mentira já esteve presente na conversa de alguém ou no diálogo interno com as próprias razões. “Cheguei atrasado por causa do trânsito”, “Não liguei porque perdi seu número”, “Claro que lembro de você”. Essas são apenas algumas das mentiras que as pessoas usam para conviverem, socialmente, uns com os outros.
Nietzche tinha uma visão da mentira mais sutil. Em 1898, escreveu que “a mentira mais frequente é a que se conta para si mesmo; mentir para os outros é relativamente a exceção.” Para o filósofo a mentira não era capaz de ser realizada com perfeição: “podemos mentir com a boca, mas com a expressão da boca ao mentir dizemos a verdade.” Porém, atualmente, as coisas mudaram muito e o ato de mentir sem necessidade e com extrema perfeição acontece diariamente. E é aí que mora o grande problema, pois uma única mentira, coloca em xeque todas as outras verdades.
Os motivos são os mais diversos: mentem para si mesmos quando acreditam serem culpados pela agressividade do companheiro. Mentem quando se culpam pelo relacionamento abusivo que suportam. Mentem quando dizem estar tudo bem, quando na verdade, estão sangrando na alma. Nietzsche afirmava que, para quem sofre, a mentira pode ser um refúgio justificável: “Quem teria razões para se afastar da realidade com mentiras? Só quem com ela sofre”.
Há quem diga que as pessoas usam a mentira como defesa. Metem por medo de perder quem se ama, ou por medo da separação. Na concepção delas, é melhor acostumar-se com a dor, do que enfrentar a própria vida.
De qualquer forma, mentir não é uma boa opção de relacionamentos. A mentira é enganosa. Tenta justificar, amenizar, acalmar as situações, mas somente de quem a profere. Ninguém mente para preservar o outro, as pessoas mentem para se defenderem ou se justificarem.
As coisas seriam mais fáceis se a sinceridade prevalecesse. Se os “nãos” fossem ditos com mais facilidade e a realidade encarada tal qual ela é. Shakespeare, em Hamlet, dizia “sê sincero contigo mesmo e disto se seguirá, como a noite segue o dia, que não poderás ser falso com quem quer que seja.”
Que sejamos maduros para ouvir e dizer “ não quis te ligar”, “dormi, por isso perdi a hora” ou “não lembro de você, desculpe”. A verdade crua sempre será mais bonita que qualquer mentira produzida.
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