A realidade pode ser dura, algumas vezes. Nem sempre, querer ficar é o suficiente. Um dia, o amor passa do ponto. E tentar encontrar explicações que intercedam na separação, não torna o seu sentimento mais sincero do que o da outra pessoa.
Porque se você olhar de perto, o tempo ensina que cenários ideais são superestimados. Ter sorte no amor não contempla intensidades e, o que mais fazemos, é especular sobre elas. Mesmo soando natural e inofensivo, no fundo, estamos escravizando uma entrega que deveria encaixar por altruísmo, por liberdade. Mudar de ideia não é o problema do amor. Não poder sê-lo, naquele exato momento, é.
Você queria poder ter o controle de mudar as coisas. Queria, de alguma forma, manipular os eventos atravessados que estancaram esse bem que só fazia transbordar. Infelizmente, não é assim. Não combina com o amor transformar solidão em companhia, como num passe de mágica.
Agora, o que resta é continuar. É despejar aflições e faltas no travesseiro. É percorrer, um dia de cada vez, cicatrizes e promessas que não foram cumpridas. E vai doer, aprisionar e colocar os pés sobre o seu coração. Mas se o amor passa do ponto, a dor também passa. Daí percebe, o suficiente é você. E fica, mais uma vez.
Imagem de capa: Cenas de um Casamento (1973) – Dir. Ingmar Bergman
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