Imagem de capa: Willyam Bradberry, Shutterstock
Nós sofremos em silêncio, nos escondemos nas circunvoluções das nossas conchas privadas para sofrer na solidão, quietos, sem que ninguém perceba. Aparentamos resignação e fingimos que nada acontece enquanto nossas batalhas internas são travadas sem descanso… Até que acontece, até que um dia, sem nenhum aviso, nos quebramos.
Somos seres sociais, e no entanto, escolhemos sofrer na solidão. Nós preferimos compartilhar os risos, os bons momentos e nos agarramos às rotinas da vida cotidiana com aqueles que nos rodeiam, porque assim conseguimos ter uma sensação de controle. Como se nada estivesse acontecendo, como se nada estivesse devorando as nossas entranhas emocionais.
“É preciso mais coragem para enfrentar o sofrimento do que para morrer”.
– Marlene Dietrich –
Os psicólogos e os psiquiatras sabem muito bem que o trauma e o silêncio quase sempre andam de mãos dadas. Não é fácil dizer o que nos fere, e isto é assim por duas razões muito específicas: o medo de ser julgado e, acima de tudo, de mostrar a nossa vulnerabilidade. Porque neste mundo implacável triunfam as personalidades fortes, pessoas que não se queixam e demonstram eficácia, otimismo e segurança pessoal.
Tudo isso nos leva a acreditar que, atualmente, o sofrimento ainda continua sendo um estigma. Algo que nos mostra mais uma vez porque há tantas pessoas com depressão que permanecem sem tratamento e porque os suicídios entre os jovens estão atingindo proporções alarmantes.
Vamos refletir sobre isso.
Razões pelas quais não devemos sofrer em silêncio
Recentemente, um jornal conhecido publicou a carta pessoal de uma mulher que declarava não aguentar mais a sua vida. Ela tinha sido mãe pela terceira vez e se sentia incapaz de sair da cama. Curiosamente, quase 80% dos comentários eram depreciativos, beirando os limites da crueldade.
A depressão pós-parto ou essa fase muito difícil que é o período pós-parto permanece até hoje como um tabu. Se uma mulher experimenta este transtorno de humor é punida imediatamente, porque o que se espera dela é que esteja sempre 100% feliz e disposta. Por isso, muitas mães vivem este episódio das portas para dentro, de forma privada e temendo as críticas da sociedade.
O mesmo acontece com os adolescentes, meninos e meninas que sofrem bullying, mas permanecem em silêncio, sem pedir ajuda, presos na sua gaiola de solidão e privacidade dos seus quartos, o único lugar onde se sentem seguros. É necessário e quase imperativo reagir antes que seja tarde demais, antes que a vontade enfraqueça e que a nossa realidade seja um pouco mais do que um rabisco sem sentido.
6 razões pelas quais devemos parar de sofrer em silêncio
– A primeira razão para deixar de sofrer em silêncio é tão simples quanto evidente: o sofrimento se prolonga. Não dar o primeiro passo para pedir ajuda vai intensificar a dor ainda mais. Será como uma sombra longa e sufocante que engole tudo à sua volta.
– Os sintomas se tornarão mais resistentes, deixaremos de ser pessoas para nos transformarmos em reflexos da dor, com sintomas mais complexos e muito mais profundos.
– Os pensamentos negativos vão se intensificar. Ficaremos presos na nossa própria prisão.
– Chegará um momento em que rejeitaremos até os contatos sociais. Os abraços, as carícias emocionais e as palavras amáveis perderão o seu significado original para nós: as veremos com desconfiança e as interpretaremos como ameaças.
– Quando postergamos a necessidade de pedir ajuda, o tratamento posterior será muito mais complexo.
– Nós mesmos perpetuamos o estigma. O fato de não dar o primeiro passo, de se recusar a procurar ajuda profissional ou contar o que acontece com você para alguém de confiança, alimenta ainda mais a ideia de que os traumas e o sofrimento caminham ao lado do silêncio.
– Por último, mas não menos importante, devemos ter em mente que o sofrimento nos muda, nos modela conforme a sua vontade e nos transforma em outra pessoa. Deixamos de ser fiéis a nós mesmos, e isso é algo que ninguém merece.
Conectar para curar
O sofrimento isola, mas a conexão com os nossos semelhante e com nós mesmos é terapêutica e nos cura. Quando compartilhamos as nossas vulnerabilidades e dor com a pessoa certa ou com um profissional qualificado, temos dois avanços. O primeiro: paramos com a autossabotagem. Ninguém escolhe sofrer uma depressão pós-parto. Ninguém merece ser vítima de bullying, escravo de um passado traumático ou de uma infância perdida. Ninguém deve negligenciar a si mesmo a ponto de deixar de se amar.
“Quando você estiver sofrendo, lembre-se de um momento feliz. Um único pirilampo acaba com a escuridão”.
– Alejandro Jodorowsky –
O segundo é que alcançaremos uma catarse emocional adequada. Muitas pessoas chegam à psicoterapia vestidas com a armadura da raiva, escondendo o ser frágil que mora dentro delas. A reconciliação e a conexão adequada com o seu ambiente deixarão cair aos poucos as cadeias do sofrimento.
Sem dúvida, é um processo lento e trabalhoso, mas é algo que todos nós merecemos: parar de sofrer em silêncio e ter alguém que nos entenda e nos ajude. Reflita sobre isso, saia da sua concha de solidão e permita-se ser você mesmo sem medo.
Fonte indicada: A Mente é Maravilhosa
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