Imagem de capa: bedya, Shutterstock
“Não é ansiando por coisas prontas, completas e concluídas que o amor encontra o seu significado, mas no estimulo a participar da gênese dessas coisas”. Zygmunt Bauman
Vivemos em uma era de pessoas resolvidas, independentes e que pregam, aos quatro cantos do mundo, o quanto são livres e o quanto anseiam por liberdade. Ok, mas o que vejo mesmo é uma sociedade imediatista que quer tudo para hoje, para já. Pessoas que substituem as escadas pelo elevador, o café de casa por um expresso comprado a caminho do trabalho, um cafuné por uma conversa virtual, cartas por mensagens nas redes sociais etc. Troca e agilidade permeiam as relações nos tempos atuais.
Só se pensa no sucesso profissional, nas teses de doutorado, no carro novo e nas viagens internacionais. Não que ansiar por isso seja errado, o problema está no tempo que investimos em todas essas coisas.
As pessoas anseiam por amores prontos, essa é a verdade. Infelizmente, não existe mais a ideia de participar da vida do outro, compartilhar coisas, sonhos e momentos. O que se vêem são pessoas em busca de “aventuras”, paixões rápidas, enfim, nada que seja duradouro, nada que as prenda ou mude os seus planos.
Não, relacionamento não é fácil e não é sinônimo de prisão – como é entendido. Não, relacionamento não vai fazer de você uma pessoa feliz, se você for uma pessoa triste, assim como não vai trazer felicidade. A regra é simples: ser feliz e encontrar alguém que transborde; nada de metades ou de tentativas de preencher vazios, pois essa certamente não é a função de um relacionamento. Uma coisa é certa: relacionamento está bem longe de ser essas coisas clichês que todo mundo diz; está longe dos mitos e das fantasias espalhadas por ai.
Relacionamento é algo que faz crescer, que faz com que você queira compartilhar com o outro os seus sonhos, os seus planos; que faz com que você o inclua neles, sem pensar duas vezes. Relacionamento, assim como tudo nesta vida, tem seus altos e baixos, mas com jeitinho, com paciência, você consegue lidar com as diferenças, com os medos, e aprende a domá-los.
O mal de muita gente é viver um relacionamento apenas quando ele lhe proporciona coisas boas, apenas quando as diferenças não falam tão alto e quando as coisas vão bem. O erro é não saber olhar para a dor do outro, de acalentar e saber acolher. Vejo muita gente desejando encontrar no outro a felicidade, sem saber que ninguém tem a obrigação de fazer o outro feliz.
O equívoco de muita gente é procurar um relacionamento pra curar problema, para ser apenas companhia, como forma de escapar da solidão. E, com isso, muita gente acredita que o outro precisa ser uma cópia exata do que almejamos, sem saber apreciar o novo.
Infelizmente, vivemos uma era em que perder tempo é custoso demais; as tecnologias comprovam o imediatismo das coisas. Vivemos calculando nosso tempo, nossos planos, vivemos colocando metas e controlando o tempo, para que possamos atingi-lo mais rapidamente.
Nessa correria doida, nessa necessidade de aproveitar o máximo das 24 horas que temos a cada dia e de querer exprimir tudo o que for possível, de dar conta dos trabalhos da faculdade, do barzinho com os amigos, de assistir àquela série, de trabalhar para comprar um carro novo, fazer uma viagem, é que se relacionar e assumir um compromisso tem perdido o seu lugar. Não há tempo para isso.
Não há tempo para incluir um outro alguém em nossa vida, nos nossos sonhos; não há tempo para remodelar nossos planos, para mudar o destino da viagem, se for preciso, ou trocar o fast-food por um jantar a dois. Queremos pessoas prontas, resolvidas, porque nos vemos assim. Mas, na verdade, é um grande engano. Temos muito o que aprender com o outro, temos muito o que mudar com e pelo outro. A verdade é que temos muito a crescer, a melhorar e, também, a ensinar.
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