De repente todo mundo vira PHD em política. Políticas públicas, política interna, política externa, politicamente correto, atitude política. Você abre a tela das redes sociais e se depara com um ringue virtual.
E sobra desaforo para tudo quanto é lado. É “gente de direita” ameaçando “gente de esquerda”. É gente de esquerda desacatando gente de direita. Os ânimos se exaltam, a educação precária revela o triste quadro de um povo que escancara na Web sua falta de capacidade para o diálogo, sua intolerância diante de qualquer opinião que seja divergente da sua.
A questão central, no entanto, é que enquanto as pessoas se digladiam, arranjam inimizades, desfazem amizades por conta de defender partidos X, Y, Z; ou tomar as dores de celebridades políticas iminentes, aqueles que detém o poder amealhado nas urnas, ou por meio de cargos de confiança, estão pouco se lixando para nós.
A corrupção é tão antiga quanto é antiga a nossa história de gente colonizada. O comportamento desonesto e antiético prevalece nas relações políticas e de poder, pelo simples fato de que também são regra – e não, exceção – nas relações pessoais.
Embora seja pouco passível de reflexão, aqueles pequenos jeitinhos que a gente dá para ter alguma vantagem numa coisinha aqui, outra ali… explicitam em nossas condutas o quanto somos vulneráveis a ceder, quando o que está em jogo é a nossa pele.
Difícil! Dificílimo manter a retidão e a sanidade no meio do caos. Dificílimo conservar o pensamento generoso, quando rogamos a algum deus que nos escute e nos conceda o milagre de um emprego estável, quando a maior parte das empresas lança mão do questionável artifício de demitir funcionários antigos com vistas a contratar “gente nova” por um preço menor.
Quase impossível acreditar naquilo que se houve, nas notícias veiculadas pela mídia, já que a mídia tem todos seus rabinhos presos e amarrados às elites políticas, estando elas no poder do momento ou não. Não há opinião isenta, essa é que é a triste e redundante verdade.
E é exatamente por isso, porque não passamos de público, eleitores e trouxas à serviço daqueles que “governam por nós”, só que agem estritamente em causa própria, que não devemos nos oferecer para passar adiante qualquer tipo de bobagem que os meios de comunicação achem por bem nos enfiar pelos olhos, ouvidos e mentes.
Mais do que nunca, precisamos entender que enquanto estivermos assim, polarizados, somos frágeis e fáceis de derrubar. E é por isso, que eu faço essa pergunta: “O que você compartilha te define?”; ou você anda apenas reproduzindo falas e bandeiras alheias sem parar para refletir sobre qual é o seu papel nisso tudo.
Mais do que nunca, é preciso entender que a informação é o bem mais precioso, quando aliada à verdade dos fatos. Mais do que nunca, é preciso ir atrás de compreender que quem faz a história somos nós, e que estamos escolhendo um caminho muito perigoso, quando abrimos mão de pensar e nos tornamos apenas porta-vozes daqueles, cujo único objetivo é manter-se no poder.
Imagem de capa meramente ilustrativa: cena da série “House of Cards”.
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