Imagem de capa: Aleshyn_Andrei, Shutterstock
Eu não quero que a nossa história termine sem, ao menos, um ponto final, sabe? Não sei lidar com esses livros que, num virar de páginas, se acabam. A gente volta para a última frase, relê, vira a página e a mesma está em branco, anunciando um fim premeditado. O livro acaba sem concluir e deixa aquele nó ruim na garganta e dezenas de interrogações. O autor é odiado por uns dias, a gente alimente suposições por outros tantos até cair no esquecimento. Não quero que a gente, eu e você, termine assim. Um fim sem final. Não está certo.
Atualmente, eu e você, estamos como numa música. Começa tímida, embala no refrão, aí ela vai morrendo na voz do cantor, sabe como? Tem música que termina-terminada, mas tem umas músicas que o refrão vai diminuindo o tom, diminuindo até um sussurro e, num respiro, nada. Acabou. Mudou de faixa. Estamos acabando, lentamente. Feito música. Que outra forma a gente poderia terminar, se não feito música?
Mas essas músicas que terminam assim, terminam cheia de reticências e, como disse lá no começo deste texto, não quero que a gente termine sem ponto final. Parece um descaso, sabe? Não comigo, não contigo. Um descaso com a nossa história, como se tudo bem deixar os is sem pingar, os tês sem cortar e tudo fora de lugar. Bagunçamos nós dois e seguimos, deixando a bagunça para depois, acumulando poeira, acumulando memórias, acumulando tempo – e esquecimento. Descaso, vê?
Eu sei que a música tá morrendo lentamente. Eu sei que as reticências estão prestes à serem colocadas; e não quero. Fico pensando em como pontuar nós dois, em como encerrar um ciclo, em como virar a página e saber que ali, vai ter em letras garrafais um ‘FIM’ bem bonito. Uma casa em ordem, os sentimentos bagunçados, mas prontos para serem colocados no lugar.
Me ajuda a arrumar a bagunça? Aí te deixo ir. E não precisa mais voltar.
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