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Não é insistindo na crítica que iremos mudar o outro mais cedo

Imagem de capa: Minerva Studio, Shutterstock

Uma censura é uma crítica, uma reclamação sobre o outro, uma agressão disfarçada de palavras. É um monstro que se alimenta da frustração e torna-se cada vez maior com o rancor e a raiva. Tem a intenção de mudar tudo, mas seu único propósito real é descarregar tensão e destruir o outro.

Em muitas ocasiões usamos a censura ou as indiretas para reclamar de algo que não gostamos sobre a outra pessoa e esperamos que, dessa forma, ela mude seu jeito de agir. No entanto, esse tipo de críticas não incentiva a mudança, mas desqualifica a outra pessoa, fazendo com que se sinta culpada e impotente.

Quem recebe a crítica se sente atacado e sua reação imediata costuma ser a defesa, raiva ou culpa. Como o vento que vai desgastando a pedra pouco a pouco, as críticas vão desgastando o relacionamento entre duas pessoas de maneira discreta, mas contínua.

A frustração de quem critica

Dizem que os olhos são o espelho da alma, no entanto, em muitos dos casos, o que realmente reflete como nós somos não são os olhos, mas sim nossas palavras. As censuras delatam o estado de raiva, frustração, falta de habilidades de comunicação e gestão do outro.

Sua função é uma mistura de descarga emocional e manipulação do outro. Quem o realiza lança duras palavras com a intenção de que a outra pessoa mude de idéia e faça o que quem critica deseja. No entanto, estas mensagens geralmente produzem pouca mudança.

Suas causas podem ser variadas, desde pequenas ações insignificantes até censuras sobre aspectos importantes na relação. Quando ocorrem de forma isolada, não costumam envolver grandes dificuldades; o problema surge quando se tornam um hábito, e não uma exceção.

As críticas têm forma de espada, porque são longas e afiadas

Às vezes são pequenas, sutis, mas constantes, como a tortura da gota de água que cai sobre a cabeça do outro dia após dia até causar feridas graves. Outras vezes as críticas são limitadas e pontuais, mas bruscas e intensas, e causam danos que demoram muito tempo para ser reparados.

As censuras são muitas vezes estereotipadas, emocionalmente carregadas, e se repetem ao longo do tempo. Normalmente fazem referência a aspectos do passado ou ações habituais do outro, e focam a pessoa em vez de no fato.

As censuras são ataques e, em muitas ocasiões, vêm acompanhadas de palavras duras. Nas suas formas mais extremas podem ridicularizar, insultar ou ameaçar a outra pessoa, fazendo-a sentir-se impotente, triste, culpada, pouco valorizada ou insegura.

Desgasta mas não muda

Normalmente o efeito produzido é o contrário: quanto mais se reclama e se critica sobre alguma coisa, é menos provável que o outro mude. Isso distancia as pessoas umas das outras, fazendo com que a mudança e a comunicação sejam cada vez mais complicadas.

As críticas e os problemas de comunicação são muitas vezes um dos principais fatores que conduzem ao fim do relacionamento entre duas pessoas. As censuras agem como uma barreira e impedem que a relação flua adequadamente.

Há formas de comunicação menos prejudiciais do que a crítica

Se o que acontece com você é que as emoções te sufocam, você pode usar o outro como um apoio, e não como um saco de pancadas. Até mesmo se forem aspectos do outro que te causem essa frustração, você pode contar com ele, dizer-lhe com toda a calma e sem censuras como você se sente, o que te chateou e que você gostaria que acontecesse no futuro.

Transforme a censura em pedido. Não é o mesmo dizer: “Você está sempre ocupado, parece que a cada dia se importa menos comigo” do que “Sinto que ultimamente não passamos tempo juntos, sinto falta de você, acha que poderíamos fazer algo juntos essa semana?”

Algumas técnicas para transformar suas críticas em mensagens menos prejudiciais são as seguintes:

– Os sentimentos são seus independentemente de quem os produz em você. Não culpe o outro pelo que você está experimentando e assuma suas emoções como próprias. Troque o “Você me irrita” pelo “Quando você faz isso costumo ficar nervoso”.

– Concentre-se no presente ou no futuro em vez do passado. É mais adequado agir sobre o agora, já que este deixa possibilidade de atuação enquanto o passado nos aprisiona em uma jaula da qual não podemos escapar. É mais apropriado dizer: “Da próxima vez gostaria que você fizesse isso” em vez de “Você nunca me dá bola”.

– Seja concreto em vez de generalizar. Uma pessoa não pode mudar o que é, mas sim o que faz. Concentrar-se nas ações concretas em vez de na forma de ser do outro ajudará a solucionar melhor o problema. Experimente um: “Hoje você está chateado, está acontecendo algo?”, em vez de um “Você é um resmungão, está sempre de mau humor”.

– Utilize o por favor, obrigado e desculpa sem ironias. As palavras e o tom adequado podem evitar múltiplas discussões.

Na virtude de pedir está a virtude de não dar

Expressar-se adequadamente não significa que o outro tem que concordar. É possível que até mesmo com uma boa comunicação ainda existam aspectos nos quais vocês não concordem ou que você gostaria que o outro mudasse. No entanto, às vezes o encontro nem sempre é possível.

É muito mais simples o diálogo e a mudança a partir da proximidade e do apoio do que da distância e da dor. Embora às vezes duas pessoas não possam concordar, é sempre mais reconfortante transformar o outro em seu aliado, em vez de seu inimigo.

Fonte indicada: A Mente é Maravilhosa

A Soma de Todos Afetos

Blog oficial da escritora Fabíola Simões que, em 2015, publicou seu primeiro livro: "A Soma de todos Afetos".

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