Marcel Camargo

Não conseguiremos nos curar machucando os outros

Imagem de capa: Vladyslav Spivak, Shutterstock

“É simples: ninguém pode sair do que dói fazendo com que alguém também sinta dor. O que nos afastará da ausência de luz será tudo o que traga luz, serão todos que confortam e acomodam os nossos medos com afeto sincero e recíproco.”

Todos temos nossos fantasmas, nossas lutas diárias, todos necessitamos enfrentar a nós mesmos, afogando o nosso pior lado, para que o bem vença dentro de nós. Diariamente, sem trégua. Viver é lutar pelo que se quer, pelo que não se quer, por quem amamos, por quem nos ama de volta. Infelizmente, nem sempre a vida dá certo, nem sempre a gente ganha, nem sempre o sorriso encontra morada em nós.

E então ocorrem os momentos de dor, de revolta, de culpa, de querer ficar sozinho, de querer morrer, sumir, desaparecer. Machucados por dentro, sem forças e sem motivos para acreditar em nada e em ninguém, acabamos externando nosso descontentamento aqui fora, na forma de agressividade, raiva, violência no falar, no agir, no não mais se importar.

E é exatamente nessas ocasiões que cometeremos injustiças, que escolheremos o erro, que seremos maldosos, frios e indiferentes justamente com as pessoas ao nosso redor que sempre acreditaram em tudo o que somos e podemos. Falamos o que não deveríamos, fazemos o que não poderíamos, agredimos quem desconhece qualquer motivo para agirmos assim. Afastamos de nós quem deveria ficar junto.

Infelizmente, nem todo mundo perdoa, nem todos entendem, poucos conseguirão perceber que ali, naquele momento, não era o nosso verdadeiro eu que estava agindo, mas um eu machucado e ferido. Com isso, cada vez mais estaremos sujeitos a ter de enfrentar sozinhos as escuridões perigosas que, inevitavelmente, vez ou outra adentram em nosso caminhar, porque tratamos mal aqueles que poderiam nos resgatar das nossas quedas.

É simples: ninguém pode sair do que dói fazendo com que alguém também sinta dor. O que nos afastará da ausência de luz será tudo o que traga luz, serão todos que confortam e acomodam os nossos medos com afeto sincero e recíproco. Ninguém sai do buraco cavando mais fundo, ou seja, deve-se olhar para cima, buscando aproximação junto à serenidade curativa do amor sincero que sempre estará nos rodeando.

Cultivar as pessoas que nos amam é o que nos salvará de nossas próprias misérias, sempre que escorregarmos nos escombros das tempestades recorrentes de nossas vidas.

Marcel Camargo

"Escrever é como compartilhar olhares, tão vital quanto respirar".

Share
Published by
Marcel Camargo

Recent Posts

Só os mais atentos conseguem desvendar o 2º rosto dessa ilusão de ótica

Uma nova ilusão de ótica tem desafiado os internautas, com uma imagem que esconde um…

19 horas ago

A comédia romântica da Netflix que promete conquistar seu coração e te levar a lugares paradisíacos

A sequência do aclamado musical “Mamma Mia!” fez sucesso entre os fãs do musical e…

20 horas ago

Hemocentro de cães e gatos convive também com a falta de sangue para salvar os animais

Hemocentro de cães e gatos convive também com a falta de sangue para salvar os…

1 dia ago

Você precisa sempre deixar a casa arrumada? Saiba o que diz a psicologia sobre esse hábito

Ter uma casa impecavelmente organizada pode parecer apenas uma preferência, mas para a psicologia, esse…

2 dias ago

Esta comédia romântica da Netflix tem um charme irresistível que vai derreter seu coração

Prepare-se para uma experiência cinematográfica que mistura romance, nostalgia e os encantos de uma Nova…

2 dias ago

Esportes infantis: equipamentos e acessórios indispensáveis para seu filho brilhar

Saiba o que não pode faltar para que seu filho pratique esportes com conforto

2 dias ago