Imagem de capa: Namning, Shutterstock
Quantas vezes não jogamos de volta, agressiva e distorcidamente, o que de mais sincero o parceiro nos ofereceu? Quantas vezes não dizemos aos filhos coisas que ninguém mereceria ouvir, fazendo-os se sentirem um nada? Quantas vezes falamos palavras maldosas de alguém que gosta realmente de nós, enquanto ele não está presente?
Por mais que haja textos, mensagens, livros, por mais que nos ensinem, desde crianças, a tentarmos agir de forma a não semear ventos, ninguém consegue passar a vida sem ferrar com si mesmo, de alguma forma, envolvendo, inclusive, quem mais amamos, nas tempestades que nós próprios criamos. Sim, muitas vezes, nós nos sabotamos, estragando o que estava bom, afastando as pessoas e oportunidades, de maneira exemplar.
E, pior, é que costumamos machucar quem mais confia em nós, quem nos ama e permanece junto de forma clara e verdadeira. Quanto mais próximos somos da pessoa, mais nos desnudamos, mais deixamos vir à tona o nosso pior. Enquanto o vento sopra forte aqui dentro, dizemos o que não devíamos, agimos como não poderíamos, machucando, ferindo fundo, por palavras e ações que raramente se apagarão dos sentimentos alheios.
Quantas vezes não jogamos de volta, agressiva e distorcidamente, o que de mais sincero o parceiro nos ofereceu? Quantas vezes não dizemos aos filhos coisas que ninguém mereceria ouvir, fazendo-os se sentirem um nada? Quantas vezes falamos palavras maldosas de alguém que gosta realmente de nós, enquanto ele não está presente? Parece que estamos pedindo para que tudo vire ruínas, para que saia de nossas vidas quem a torna mais feliz.
Talvez façamos isso porque temos medo de ser feliz, como se esperássemos, a todo momento, que algo viesse a estragar a nossa vida, e então nos adiantamos ao destino, ferrando, nós mesmos, com tudo. Talvez isso ocorra porque temos maior quantidade de munição afetiva justamente em relação a quem amamos e com quem compartilhamos mais verdades. Talvez sejamos odiosos com quem nos ama porque temos a certeza de que seremos perdoados. Vai saber.
Que a gente consiga, enfim, ter cada vez menos medo da felicidade. Que a gente possa sorrir sem esperar que lágrimas venham. Que a gente possa gozar o sucesso sem temer a inveja. Que não fujamos dos tapetes que nos puxam, mas saibamos levantar com dignidade. Que consigamos engolir de volta toda palavra dolorida que teimar em sair junto a quem amamos e nos ama verdadeiramente. Que a gente se sabote cada vez menos, porque sempre teremos alguém que sofrerá junto, porque resolveu andar de mãos dadas. Vivamos!
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