Imagem de capa: Tereshchenko Dmitry, Shutterstock
Embriague-se com fervor. Dispa-se daquilo que te impede de seguir. Refaça verbos. Construa novos adjetivos. Permita-se ser algo além de um simples nome. Embriague-se. Seja tolo. Abrace a ingenuidade como quem acredita nos sonhos intangíveis e sorria diante disso. Não ligue em ser excluído, julgado e maltratado pelos sóbrios que, constantemente afogados nas próprias certezas, estão impedidos de adentrarem no mundo subversivo da embriaguez.
Embriague-se. Consuma cores, frases, formas e toques. Assimile os sintomas. Caia doente e levante novamente. Corra descalço, fale um palavrão bem alto, namore a nudez. E se depois, no caso do efeito ainda não ter lhe deixado embriagado, tome novas providências. Loucure-se. Desligue os cabos, mas não deixe o volume abaixar. Tenha prudência, mas não perca a eloquência. Embriague-se, vamos. Embriague-se!
Descontrole, incerteza, medo, culpa e incapacidade. Embriague-se. Expulse os demônios internos e coloque-os nos seus devidos lugares. Ainda não está não convencido? Inicie todo o processo novamente, mas embriague-se de verdade. Queira. Deseje.
Embriague-se!
Embriague-se, principalmente, de poesia. Ela não deixa ressaca, mas faz elevar o coração. Embriague-se. Com carinho.
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