Imagem de capa: Dean Drobot, Shutterstock
Ele te trai, mas é um bom pai. Ela é fútil, mas é bonita. Ele é grosso, mas te assume como namorada. E, acreditando nessas qualidades ilusórias, você continua nesse relacionamento destrutivo e comprometedor, porque afinal, o que importa é estar em um “relacionamento sério”.
Para realmente ser livre, é preciso entender que, na vida sentimental, não existe a lei da compensação: a pessoa pode ser sensacional, ter as qualidades (aparentes) mais incríveis do mundo e as famílias torcerem mais do que final de Copa do Mundo, mas se não rolar admiração, desejo e sentimento, esqueça. O relacionamento jamais dará certo.
A reciprocidade é a base de todo relacionamento. Fato! Sem ela nada flui. A pessoa pode ser incrível, fazer todas as suas vontades e te amar incondicionalmente, mas se você não sentir a mesma coisa, a probabilidade do sentimento morrer é de cem por cento. Lembro de Dom Quixote relatando a seu fiel companheiro, Sancho Pança, o que era um amor recíproco: “quando você realmente amar alguém e for recíproco, você vai ver como é bom amar. Pra amar não precisa namorar, e bla bla bla, mais o namoro é a melhor forma de expressar o sentimento, quando você sentir suas pernas tremerem, sua barriga gelar, teu corpo ficar mole, aí sim você vai entender a magia de amar”.
Amor não é sentimento de troca. Não funciona assim “eu entro com o sentimento e você com a reciprocidade”. Ou ele nasce naturalmente ou morre mais rápido do que um piscar de olhos. Muitas vezes, somos amados, mas não amamos. E isso é normal. Entenda que você tem o direito de não amar, mas tem a obrigação de deixar isso claro. Pode doer, machucar, magoar, mas passa. O que não dá para é ficar em um relacionamento só porque o outro é considerado bom moço.
Que mulher nunca se envolveu com um cara “fofo”, que fazia tudo por ela, mas que não fazia o coração bater? Que cara nunca namorou uma princesa, que tinha todas as qualidades que sua mãe sonhava, mas que nem saudades despertava? O amor é uma mistura de desejos, vontades e conquistas e, para que tudo isso se concretize, precisa de sentimentos reais. Como diz Arnaldo Jabor: “ninguém ama outra pessoa pelas qualidades que ela tem, caso contrário os honestos, simpáticos e não fumantes teriam uma fila de pretendentes batendo a porta.”
Ele pode ser um bom pai, mas continua sendo um péssimo marido. Ela pode ser uma boa profissional, mas continua sendo uma péssima amiga. Ele pode ser u bom filho, mas continua sendo um péssimo namorado. Acredite, a lei da compensação, não existe!
Não se culpe por não amar o cara bacana do trabalho ou a garota dos sonhos da sua família. Até porque, as pessoas que amamos fogem às regras. São as que possuem a mesma liberdade que temos. Que buscam a mesma evolução profissional, espiritual e intelectual. São aquelas que caminham conosco, que não controlam os passos, nem medem os esforços. São aquelas que não usam “eu te amo” como bom dia, mas que despertam o melhor que podemos ser e sentir, dia a dia.
Como dizia Rubem Alves: “mais fundamental que o amor é a liberdade! A liberdade é o alimento do amor! O amor é pássaro que não vive em gaiola! Basta engaiolá-lo para que ele morra! Ter ciúme é reconhecer a liberdade do amor! O desejo de liberdade é mais forte que a paixão! Pássaro eu não amaria quem me cortasse as asas! Barco eu não amaria quem me amarrasse no cais!”
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