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“Quero amor pra vida inteira” – Não é incomum ver citação estampada em outdoors, comerciais, músicas ou em diálogos de filmes românticos. Afinal, quem não gostaria de ter as mãos entrelaçadas durante momentos únicos da vida? Para poder percorrer os mais variados caminhos tendo a certeza de estar ao lado de alguém que lhe acompanhará para todo o sempre. Mas relacionamentos não são descritos em embalagens de fácil leitura e tampouco determinados somente pela vontade de estar com alguém. Muitas vezes, aquilo que chamamos de amor não é o suficiente para fazer verossímeis os casos e acasos do sentimento pulsante que é amar. Certas vezes, o muito transcende a isso.
A conversa otimista sobre amores verdadeiros perdurarem mediante o tempo, problemas e outros fatores pertinentes na relação de duas pessoas são teóricos em demasia. Não significa amar menos ou mais encontrar-se na encruzilhada dolorosa do deixar partir. Cortar laços afetivos que até então demonstravam ser únicos e plenos – e eles foram até o ponto no qual o sentido virou ao avesso. Colocar um ponto final nos abraços, beijos e planos conjuntos é doloroso, mas pode ser necessário se não quiseres substituir sorrisos por rancor, mágoa e arrependimento. Motivos? Cada qual reconhece os próprios, mas mais importante que reconhecê-los é negar a ausência deles. Imaginar que passar uma borracha sentimental nas discordâncias pode fazer tudo mudar. Ele mudar. Ela mudar.
O amor e o romantismo contido também são passíveis de erros. Somos seres incontidos. Abruptos emocionalmente e agridoces nos pensamentos racionais. Através das expectativas, modificamos visões acerca daquilo que queremos, e cambaleamos nas próprias pernas buscando fazer o outro aceitar os nossos emoldurados prazeres. É possível compreender o outro lado da relação. É possível reivindicar desejos para sintonizar gestos e desejos. Todavia, compartilhar objetivamente não se resume em dizer que ama e tampouco nos criativos e sinceros pedidos de desculpas.
Erros e acertos são caminhos distintos, mas semelhantes. Depende do ângulo que se quer enxergar. No momento da escolha, do dizer não para chegar ao fim, separar o racional do emocional é como adentrar em uma batalha injusta por mais capítulos quando o livro não comporta mais páginas. O argumento utilizado do saber ceder algumas vezes, também se encaixa aqui. Porque o respeito mútuo e o entendimento de abdicar livremente para estar perto e para construir já terminaram. Esvaziam-se os bolsos a procura de fichas. Tentativas. Você quer continuar. Você não quer perder. O gosto é amargo e é quase impossível acreditar que depois de tudo, o tudo simplesmente se transformou em nada. Mas não é verdade. O tudo sempre seguirá sendo tudo, mas talvez você mesmo (a) que precise retornar a ser nada.
Amantes e amores seguirão firmes escrevendo novas incursões. Aquilo que já fora vivido não desaparece, e sim permanece. Seja por saudosismo ou apego, experiências amorosas acabam por ser inesquecíveis e na medida pontual conforme deveriam ter sido. Até onde os corações puderam segurar o tranco sem perderam o equilíbrio transbordando gestos, falas e carinhos. Pode ser e não ser mais, mas não significa que nunca mais será ou que os tais beijos intermináveis e sonhos construídos a dois ficaram gastos.
Caso realmente fosse possível retornar o tempo, escolheria os melhores momentos dos amores passados na forma de greatest hits, para dizer que amei desmedidamente, que fiz o possível para os sorrisos predominarem sobre as lágrimas, e que apesar de tudo, repousaram em meu peito os prazeres incontáveis e a felicidade plena de ter acreditado pelo tempo concebido que o amor foi para a vida inteira.
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