Ju Farias

Por favor, leia esse texto

Imagem de capa: Dark Moon Pictures, Shutterstock

Pode parecer ruim, mas acredite em mim: a metamorfose é a melhor coisa das nossas vidas. A borboleta só voa livremente depois de passar por um processo difícil, claustrofóbico e até doloroso. Para sair do casulo com cores vivas e uma beleza irrefutável, amigo querido, a borboleta abre mão de ser lagarta.

Nada contra a lagarta, ao contrário, ela tem o seu papel na natureza e segue a ordem das leis biológicas que regem o ciclo de vida. A “fase lagarta” é essencial para que as reservas energéticas se completem por inteiro. É desse jeito que a linda borboleta tem a chance de seguir seu rumo, delicada e tão forte ao mesmo tempo.

A nossa metamorfose é igualzinha. Parece que tá ruim, mas tá bom. E a gente só se dá conta que esse processo esmagador é o que fortifica as nossas raízes, quando chega a nossa hora de virar borboleta.

A metamorfose é nossa oportunidade de costurar os retalhos, de cuidar das feridas e refazer o caminho. Se o percurso está nos desorientando e nos deixando tristes, se as pedras estão machucando os pés a cada passo e se a garra para pisar firme sede lugar à preguiça: chegou a hora da metamorfose.

Tire o tempo necessário para realizar esse processo, o mesmo que a lagarta aceita quando está prestes a virar borboleta. Diga sim às etapas, aceita a dor que isso envolve e assuma o risco das possíveis cicatrizes que ficarão após essa linda transformação.

Quando tudo estiver nos seus lugares e os seus pés mais fortes do que nunca, não perca tempo e voe confiante, firme e no auge das suas cores mais bonitas. Vez ou outra, e agradeça por isso, você vai ter a oportunidade de passar por mais uma metamorfose.

Os nossos grandes erros não envolvem o medo da transformação, mas a paralisação que aceitamos viver para não sofrer o dano. Ora, a ferida acontece para que a gente entenda onde não deve mais ir ou qual é a melhor forma de cair. O dano nada mais é do que um sábio professor da vida.

Gratidão a todas as nossas fases “lagartas”, pois elas nos fazem borboletas lindas e cheias de emoção. Esse coração que pulsa no peito, e que de vez em quando parece que vai sair do corpo, é o prêmio que recebemos por estarmos vivos.

A metamorfose é o cateterismo do coração. Oferece riscos, mas também nos permita a cura. A grande diferença entre nós e as borboletas que enfeitam nosso horizonte é que elas só têm uma chance.

E nós temos todas as chances do mundo.

Ju Farias

Não nasci poeta, nasci amor e, por ser assim, virei poeta. Gosto quando alguém se apropria do meu texto como se fosse seu. É como se um pedaço que é meu por direito coubesse perfeitamente no outro. Divido e compartilho sem economia. Eu só quero saber o que realmente importa: toquei alguém? É isso que eu vim fazer no mundo.

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