Imagem de capa: soft_light, Shutterstock
O silêncio é uma benção oferecida generosamente pelo tempo. Calar é uma conjugação inteligente de um verbo esquecido, vencido pela pressa em dizer alguma coisa, qualquer coisa, o tempo inteiro.
O valor das palavras está também no que elas não dizem. Naquilo que podemos ler com um olhar, um abraço ou um sorriso. E que fala muito sem barulho algum. Silenciar é respeitar a nossa capacidade de interação com o resto todo, ainda que pareça o contrário.
Você até pode conhecer o outro por meio do que ele diz, mas só consegue descobrir a si mesmo quando ouve o silêncio que ruge no peito. E ele grita tantas e tantas vezes na esperança de que possamos escutá-lo.
E passamos tanto tempo brincando com as palavras, mas tanto tempo, que perdemos a preciosa hora do silêncio. Ao mesmo tempo, por ironia do destino, somos especialistas na arte de engolir sapos.
Aguentamos calados os desdouros dos juízes, ministros e magistrados que se autodesignam capacitados para tal, mas não conseguimos silenciar o coração nos nossos momentos mais íntimos.
O que nos faz temer o julgamento dos mortais, mas virar as costas para o que pede socorro nas profundezas do nosso ser, esse que é ao mesmo tempo o maior incentivador e também o nosso mais competitivo adversário?
Falta cuidar da gente, sabe? Fazer um carinho fora de hora, um cafuné antes de dormir, um beijinho estalado na testa, um olhar afetuoso de quem sabe que não há maior silêncio do aquele que o espelho provoca.
Um olhar de amor para o que reflete através do espelho, ainda que falte uma porção de coisas para alinhar os ponteiros. Já passou da hora de olhar para dentro, de ouvir com respeito as queixas e os elogios daqueles que vivem dentro de nós.
Os corajosos, os medrosos, os egoístas, os alegres, os nem tanto. Somos tantos que nem sabemos como é que essa conta termina. Acontece que ela não termina, amigo. Ela continua, pois é justamente por isso que estamos aqui.
Amar as muitas “gentes” que nos fazem inteiros, antes de querer amar o outro pela metade. Não existe essa de amor pelo outro se não houver ainda mais amor por nós mesmos, – e esse deveria ser o grande trunfo dessa parada toda.
Só daremos o que de melhor temos aos nossos companheiros de vida, aos que escolhemos para dividir a jornada (e aos que foram escolhidos), quando também nos alimentarmos desse melhor.
É, já estamos caindo de maduros. Ora, sem desespero! Vamos olhar pelo lado bom? Nem tudo está perdido, pois ainda temos outra chance.
Ainda estamos vivos!
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A Ju, com ceteza você me tocou!
Ficou abismada em como consigo silenciar e engolir sapos, mas em compensação não sei silenciar meu interior e fico aqui sofrendo...
Hoje sinto uma angústia absurda, vontade de chorar até cair no sono... Difícil.
Preciso aprender a silenciar minhas angústias, parar de sofrer tanto internamente pelo que as pessoas fazem comigo...
Obrigada. Beijo