Imagem de capa: jujikrivne, Shutterstock

Esses dias no meio de conversa regada a chopp e sorrisos, eu, já numa tentativa afadigada tentei explicar o amor. Desta vez disse determinado. O amor é uma montanha. Há os que nunca subiram e se quer imaginam enfrentar, há os que são insistentes e ostentam ter subido diversas montanhas. Há os que se contentam apenas em observar de longe. Têm também os que se acomodaram aos pés de uma montanha alta sem nenhuma pretensão de subir. E cá estamos nós, os que no meio do caminho ainda nos iludimos acreditando que já estivemos no alto. Mal sabemos nós que o caminho ainda é árduo, pesaroso e que até que não sintamos nossas extremidades ou que nossa respiração esteja beirando o impossível, não estaremos preparados para o que o amor de fato nos tem a mostrar. Eu já estive lá em cima, não talvez na mais alta montanha da minha vida, mas já estive lá. De repente, do nada uma avalanche cede o chão sobre os seus pés e você desce desgovernado de um jeito que não entende nada, se estatela aos pés da montanha e só te resta levantar, juntar os destroços e quem sabe subir uma outra montanha. Já ouvi falar de alguém que esteve lá em cima de desceu por querer, é, vai entender, né? É que talvez seja isso mesmo, ninguém pode morar no cume, no alto da montanha. Lá é um lugar pra subir, contemplar, deixar uma marca e marcar sua história e então descer, arriscar montanhas mais altas e ter novas histórias pra contar. O amor é uma montanha, e eu perdi o medo de altura. Quem sabe numa dessas, encontro bem no alto um lugar quentinho, e contra toda a regra da vida eu faça desse lugar um lar.

Giovane Galvan

Giovane Galvan é taurino, apaixonado e constantemente acompanhado pela saudade. Jornalista, designer, produtor e redator, escreve por paixão. Detesta futebol e cozinha muito bem. Suas observações cotidianas são dramáticas e carregadas de poesia. Gosta do nascer e do pôr do sol, da noite, mesas de bar e do cheiro das mulheres pra quem geralmente escreve. Viciado em arrancar sorrisos, prefere explicar a vida através de uma ótica metafórica aliando os tropeços diários a ensinamentos empíricos com a mesma verdade que vivencia. Intenso, sarcástico e desengonçado, diz que tem alma de artista. Acredita que bons escritos assim como a boa comida, servem de abraço, de viagem pelo tempo e de acalento em qualquer circunstância.

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