Jéssica Pellegrini

Nos relacionamentos amorosos sempre tem alguém que se apega menos. No caso, não sou eu.

Imagem de capa: Ollyy, Shutterstock

É estranho pensar que depois de tanto apanhar, agora aprendi a bater…
Com luvas de pelica, claro…

Depois de algum tempo, aprendemos que palavras machucam e por inúmeras vezes, são desperdiçadas sem nenhum valor. Usamos um vocabulário baixo e um timbre alto para argumentar em meio uma discussão ou desentendimento. Somos ignorantes ao acharmos que isso vai influenciar alguma coisa para, no final de toda a crise, ganharmos a razão. É desgastante, confuso, cansativo e pesado esse comportamento. Insistimos em vencer com a força, não com soluções para o problema existente.

Quando aprendemos a enxergar de fora a situação, é frustrante sentir-se um otário. Não que tenhamos feito tudo errado, mas é uma questão de percepção esse negócio de estragar-se ou deixar de lado a própria felicidade, por características do outro, ou qualquer que seja o motivo que não foi você quem causou. Não é saudável, faz mal para todos os envolvidos. Incluindo o coração e todas as expectativas que foram depositadas no relacionamento.

Perdi as contas sobre quantas vezes eu fui a louca e descontrolada do momento. Falei coisas sem pensar, que não faziam nenhum sentido. Sem papas na língua eu ofendi, insultei e fiquei sem credibilidade ao juntar todos os detalhes e perceber que fui completamente sem noção e infeliz nos comentários. Temos essa mania idiota de nos deixarmos levar pelos nervos à flor da pele, de explodir e querer olhar apenas para o umbigo. Reparar no outro não é prejudicial à saúde, não vai te tornar uma pessoa pior. Essa percepção é importante para o amadurecimento do ser humano. Pelo menos, comigo foi exatamente assim…

Quantas vezes eu impliquei, reclamei e perdi o controle dos meus atos. Era involuntário, você me desmoronava. Eu chorava, berrava e esperneava. Cheguei até a quebrar objetos pessoais, ameacei dar um soco na parede. Com tanta falta de controle emocional, como seria possível eu sair com a razão no fim das contas? Por mais que eu não tivesse culpa, e eu juro que eu não tinha, as minhas atitudes nunca me proporcionaram, sequer, um ponto positivo. Eu apenas perdia por ser daquele jeito, do meu jeito. A voz, a credibilidade e muitas vezes, a dignidade. Era feio de se ver, não gosto nem de lembrar…

A realidade anda bem diferente. Você, aliás, não só você, mas as suas escolhas me ensinaram muito mais do que secar as lágrimas e seguir em frente. Olha, se eu for te contar como foi dolorido, vou duvidar da sua capacidade de mensurar essas marcas que ficaram em mim. Você apostou, e deve ter dado risada por dentro, mas estou aqui, firme e, o pior de tudo para você, estou feliz. Não existe amor sem sorrisos, você só me causava machucados. Te agradeço por me ensinar a compreender, desculpar e ser persistente. Talvez se você não tivesse sido covarde comigo, eu não estaria bem hoje. Eu teria continuado ao seu lado, levando uma relação bem mais ou menos, aceitando e perdoando as suas falhas repetidas. Eu estaria humilhada e sozinha, tudo ainda continuaria sendo da forma mais cômoda para você. Sempre fomos assim, tudo do seu modo e quando você pode. Egoísta. Fui coadjuvante do seu comprometimento, nunca existiu reciprocidade. Você desperdiçou quem queria te fazer feliz, quem fazia qualquer coisa por você. Era só você me olhar nos olhos e dizer o que sentia, não precisava mentir o tempo todo. Quem ama, aliás, quem no mínimo gosta, respeita e se importa. Você foi um lixo, completamente descartável e reciclável. Quem sabe com reutilização, você possa adquirir bom senso e valorização ao outro. Mas enquanto você não entender que caráter é essencial para o sucesso, seja ele pessoal ou profissional, você continuará na sarjeta, mendigando por um amor que eu sempre quis te dar e você desprezou, literalmente… Abriu mão.

Me sinto viva depois que retomei a minha vida sem você. Eu cheguei em um estado que achei que fosse morrer, acreditei que você era o ar que eu respirava. Devo ser muito trouxa para ter chegado nesse ponto, mas não me arrependo. Uma hora ou outra, servimos de saco de pancada e aprendemos o equilíbrio necessário para manter a paz interior. E agora aquela frase “quem ri por último, ri melhor”, faz todo o sentido nessa minha nova trajetória.

Você é insignificante e substituível.

Sigo leve e feliz…

Adeus, traste que empacava a minha felicidade!

Jéssica Pellegrini

Nunca confie em uma escritora confusa e romântica. As controversas entre um texto de amor e outro de desilusão, podem causar questionamentos pessoais. Consequentemente, sequelas mais graves.

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