Imagem de capa: Masson, Shutterstock
Decidi que posso, devo e mereço. Hoje me vestirei com sapatos novos e ânimo renovado para deixar que a vida me despenteie a gargalhadas, danças e abraços. Porque tudo que é bom despenteia o cabelo e alvoroça a alma, e penso que já é hora de encontrar novamente essa sensação quase esquecida.
Todos passamos por épocas em que de repente dizemos “chega”. O cansaço mental ou a pressão do nosso entorno vão nos arrancando, uma a uma, cada escama dessas caudas de sereia que antes tínhamos para nadar em liberdade por nossos oceanos pessoais. Contudo, dizer “chega” nem sempre é suficiente para provocar a mudança que desejamos.
“Precisamos fazer as coisas ordinárias com um amor extraordinário.”
-Teresa de Calcutá-
Frases como “eu mereço o melhor”, “é hora de me colocar em primeiro lugar” ou “tenho direito de ser feliz” são como adágios que repetimos vez após vez mas que não acabam por exercer efeito algum. Apesar de intuir que ao virar a esquina a vida pode ter reservado alguma coisa boa, não é nada fácil dar um passo em direção ao extraordinário, especialmente se a nossa mente está obstinada em continuar aderindo à corrente. Ao previsível.
A mudança em direção ao sublime não precisa de agendamento prévio. Não é preciso marcar hora, ou aguardar uma estrela cadente para lhe pedir um desejo. Uma vida mais feliz só precisa de uma coisa: um cérebro mais feliz.
O cérebro cansado e as janelas fechadas
Você já parou para pensar em quantos pensamentos temos ao longo do dia? Os neurologistas adoram esse tipo de questões, então não demoraram muito para nos dar uma resposta: ao redor de 50.000. Contudo, cabe dizer que quase 80% deles não servem para absolutamente nada. A maioria são repetitivos, mecânicos e inclusive obsessivos.
O cérebro cansado é o eco de uma mente infeliz. Este trem de pensamentos debilitantes viaja pelos trilhos do “se eu tivesse”, “os outros me deixassem” ou “me sinto incapaz”. Às vezes, nessas estradas tão inférteis e inóspitas, a mente culpa aqueles que nos rodeiam por todas e cada uma das nossas próprias desgraças. Desta forma, alimentamos ainda mais o motor do cérebro cansado, da mente dispersa e sem capacidade de resolução.
Mas fechar as janelas do nosso cérebro desta forma nos fará ouvir apenas o eco de um ruído fantasmagórico: aquele que traz medo, indecisão, desespero. Uma boa ideia para entrar em contato com as coisas boas que a vida nos oferece tem a ver com uma atitude aberta, que permita que na nossa mente existam dois processos maravilhosos: a reciclagem e a criação.
Certamente, na sua intenção de cuidar do meio ambiente e do planeta, você costuma reciclar. A nossa mente também precisa de uma “manutenção” semelhante. Boa parte dos nossos pensamentos não servem para nada: são nocivos. Então, em vez de acumulá-los precisamos reciclá-los. Para isso, nada melhor do que transformar um “não posso” em um “eu mereço a oportunidade de tentar”.
Além de reciclar, teremos uma mente saudável se nos afinarmos na hora de criar e cuidar dos nossos próprios pensamentos. As ideias, os propósitos e as atitudes novas criam, reforçam ou enfraquecem conexões entre os neurônios do nosso cérebro. Novos pensamentos, novas e poderosas emoções para dizer adeus a essa mente cansada de janelas fechadas.
O bom da vida: a capacidade de assumir novas perspectivas
Para compreender a magia do nosso cérebro e de nossas emoções sugerimos que você faça um pequeno teste. Pegue uma fotografia ou imagem com uma bela paisagem. Agora coloque o seu nariz completamente colado à imagem. Ao tentar focar a sua atenção ao que vê, a única coisa que você consegue enxergar é um borrão amontoado e pouco inspirador.
Nossa mente cansada funciona do mesmo jeito. É pouco enriquecedor o que se enxerga a partir dessa perspectiva. Contudo, se nos afastarmos, pouco a pouco se abrirá um mundo cheio de possibilidades e de belezas inspiradoras. Distanciar-se de muitas das coisas que nos rodeiam é uma coisa positiva. Nos dá a possibilidade de ganhar consciência de que nada, absolutamente nada, tem tanto poder sobre nós para nos escravizar.
Dicas para sermos receptivos às coisas boas que a vida pode nos dar
A Universidade da Califórnia realizou um trabalho interessante sobre a felicidade orientado a partir do campo da neurologia que se mostrou tanto prático quanto revelador. A pesquisa levou a um livro intitulado “Train your brain to get happy”. Nele, explica-se como os pensamentos produzem mudanças em “nossas células cinzentas” para criar um poderoso tecido emocional onde respiram o equilíbrio e o bem-estar.
– Para ser mais permeável às oportunidades de nossos próprios contextos não basta dizer a si mesmo: “vou sair para encontrar a minha felicidade”. Antes de instaurar novos pensamentos, é preciso derrubar os velhos.
– Às vezes fazer perguntas a nós mesmos nos obriga a colocar nossa atenção sobre essas interrogações e a destinar recursos para resolvê-las. Por exemplo, em vez de dizer para si mesmo “quero ser feliz”, é melhor se perguntar “o que me impede de ser feliz?”. Uma vez proposta esta questão, é hora de refletir.
– Por outro lado, existem aspectos que deveríamos levar em consideração. A pessoa que deseja ser mais feliz não se compara com os outros, nem nutre a sua linguagem com os tempos condicionais (“se eu tivesse isto”, “se eu fosse como”, “se os outros percebessem que…”)
Fale do presente, seja firme nos seus propósitos e não meça as suas capacidades com base nos outros. Cultive um pensamento inspirador, estimulante e criativo. Lembre-se, acima de tudo, de que somente as mentes abertas veem o extraordinário onde outros apenas percebem coisas corriqueiras.
Fonte indicada: A Mente é Maravilhosa
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