Imagem de capa: Stas Walenga, Shutterstock

Por Isabela NicastroSem Travas na Língua

Olha, a gente pode ser bom. Pode ser feliz mesmo com os quilos a mais e com a calça jeans apertada. Pode se sentir bonita, mesmo quando surgem três novas espinhas no rosto. Pode, sim. Mesmo quando aquele boy some, sem explicação alguma. E claro, mesmo quando a gente se pergunta se o problema não é a gente. A gente pode perguntar se o problema não é com a gente, o que não pode é achar que realmente é.

Porque às vezes cansa querer ser tão perfeita. Cansa não se achar tão bonita, tão magra, tão legal, tão atraente. Cansa ter que responder às cobranças dos outros e, o pior, às suas próprias cobranças. Tem tanta coisa dando errado. Tantas desilusões, tantas lágrimas, tanta confusão. Nada é perfeito, nada está perfeito. De repente, sol, céu azul, vestido florido. Do nada, o tempo vira para chuva, cinza, casaco e galocha. A gente não estava preparado para a mudança brusca. Não só do tempo, mas da vida.

E aí, não tem porque se achar bom, não é mesmo? É o que a gente pensa. Que bons são os bem-sucedidos, os que exibem formas impecáveis, os que trocam de amores como quem troca de meia. A gente não se sente bem com a gente. Meros mortais, com espinhas (mesmo aos 23 anos), amores improváveis e saldo negativo na conta. Mas aí, eu venho aqui para dizer que a gente está junto nessa.

O cansaço vai bater, o coração vai partir, as calças vão apertar, mas, ainda assim, a gente pode se gostar. A gente pode olhar no espelho e dizer: não foi dessa vez. Vai ser da próxima. Talvez não da próxima, exatamente, mas da outra, quem sabe. A gente pode confiar que é possível ser bom, mesmo diante de tantas adversidades. Bom no que a gente faz, no que a gente enxerga no espelho, no que a gente acredita. A gente pode ser a gente, sem culpa por isso.

Mais do que isso, a gente pode rir da gente. Rir do que dá errado, do que não sai como esperado, do que não é tão perfeito como a gente gostaria. Porque não há problema em errar, em ser tão imperfeito. Em alguns dias, a gente vai se gostar menos, é verdade. No entanto, que a gente não deixe de se gostar nunca. De se achar bons, mesmo quando tudo parece ruim. Nós somos bons o suficiente e isso basta.

Fonte indicada: Sem Travas na Língua

Isabela Nicastro

Capricorniana, 23 anos, jornalista. Apaixonada por mar, cães e cafés da tarde em família. Não dispenso bacon e muito menos uma boa história. Meu coração é intenso e grita mais do que a razão. Tenho o sentimento como guia e a escrita como ferramenta.

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Isabela Nicastro

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