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Não se preocupe em resolver seus problemas, superar suas dores ou aprender empiricamente. A solução para tudo que lhe causa dano vem embalada à vácuo, com nomes estranhos e vendidas em todas as farmácias do mundo. O importante é ser feliz ou, pelo menos, aparentar ser.
Está deprimido? Tome um comprimido da caixa azul. Hiperativo? O da caixa vermelha! Está nervoso? Tome o comprimido que a amiga da vizinha da sua tia está tomando. O que importa é você ser mais feliz que as famílias dos comerciais de margarina.
Atualmente, pensar em ser feliz, sem comprimidos, está fora de cogitação. O medo de sofrer e de enfrentar os próprios monstros permite que os comprimidos substituam o autocontrole e isso é tão preocupante como incômodo. O remédio deixou de ser uma necessidade fisiológica para ser um escudo contra a tristeza.
Claro que não estamos colocando em pauta as pessoas que, realmente, precisam de medicação ou que possuem alguma patologia séria, estamos falando de pessoas que não suportam a própria tristeza e acreditam que a solução de todos os problemas está embalada à vácuo.
Buscam remédios para a instabilidade emocional, para neutralizar a ressaca e para hibernar até o problema acabar, esquecendo que essas atitudes são desenvolvidas através do autocontrole e não vendidos em prateleiras de farmácias.
Uma das experiências mais incríveis da vida se chama: conhecimento empírico. Aprendemos com as experiências, com os erros, com os acertos… esse é o curso natural da vida. Mas as pessoas perderam a noção do que realmente é necessário e do que é ilusão.
Não entendem a diferença entre “estar” triste e estar depressivo, não entendem que a falta de sono nem sempre é insônia e que TOC não é o mesmo que hábitos diários normais.
É realmente preocupante o que essa geração está fazendo com o próprio corpo. Buscam a cura para seus males e não percebem que estão acabando com a própria vida.
Rodeados de informações rápidas e sites de buscas que substituem os médicos, eles se automedicam acreditando que a solução para tudo está ali. É só pesquisar a doença, dar o próprio diagnóstico e se automedicar. Simples assim!
E olha, que a propaganda nem precisa ser boa, é só dizer que o remédio “é bom para tudo” que, em dois dias, esgotam os frascos das prateleiras comerciais.
Engordou? Toma remédio. Emagreceu? Tome vitaminas. Está ansioso? Tome, para o resto da vida, o comprimido da caixinha vermelha. A eficiência da ciência, aliada à facilidade de acesso e à propaganda indiscriminada, leva milhares de pessoas a tomarem remédios desnecessários e permitindo que, essa geração, adoeça sem perceber.
Aos fãs da famosa frase “para tudo tem remédio, menos para a morte”, sinto informar que isso é uma inverdade: bom senso e coerência não são encontrados em cápsulas.
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