Marcel Camargo

Eis a vida: é uma porrada atrás da outra

Imagem de capa: Bojan Ristic, Shutterstock

E, quando nada mais parece restar, a não ser desistir, a não ser parar, morrer em vida, é momento de se agarrar à fé. Fé em Deus, em algo superior, em alguma força que venha não se sabe de onde, fé no que temos dentro de nós – a gente é mais forte do que imagina.

Cheguei à conclusão de que, não importa o tanto que a gente ore ou tente andar corretamente, a vida muitas vezes vem para derrubar com força, atropelando, passando por cima, deixando-nos sem chão, sem norte, sem rumo. Quando achamos que está tudo bem, que finalmente teremos paz, lá vem tempestade se formando sobre nossas cabeças, lá vem dor, decepção choro e sofrimento. Isso não é pessimismo de minha parte, é mera constatação.

Eu não vivo sozinho, não sigo de acordo só com o que eu penso e quero, porque existem mais pessoas comigo, acreditando em mim e torcendo junto. Ninguém faz o que quiser, sem ter que prestar atenção no alcance de suas atitudes. Ninguém consegue agir conforme cada batida de seu coração, a não ser que se trate de alguém sem amigos, sem família e sem noção de coletividade. Nada do que fazemos, afinal, recai somente sobre nossas cabeças – somos parte de um corpo coletivo.

Ademais, a gente acaba amando demais algumas pessoas, a gente forma família, círculo de amizades, a gente trabalha junto com os outros. Dessa forma, nossa felicidade não tem autonomia suficiente para se bastar sem se importar com o que ocorre ao seu redor. Não dá para ser feliz, por exemplo, quando há alguém que amamos muito sofrendo bem ali na nossa frente. Nós carregamos as dores que não são somente nossas também, pois somos humanos, compadecemos, olhamos além de nós mesmos.

Como manter o sorriso quando um filho chora ou se mete em enrascada? Como ter ânimo, diante de uma esposa doente, de um irmão acamado, de um amigo endividado, desempregado? Embora não possamos carregar o peso do mundo em nossos ombros, fato é que a nossa essência bondosa acaba, por si só, solidarizando-se com os machucados alheios, chegando junto à dor de quem amamos. Porque a gente divide tudo com as almas amigas, até mesmo o que fere.

Mesmo assim, ainda que eu esmoreça, caia ao chão, chore e pense em desistir, meu instinto de sobrevivência e minha fé acabam por me resgatar. Acredito que nada é por acaso, nada. Tudo é lição, tudo é aprendizado e evolução. E, quando nada mais parece restar, a não ser desistir, a não ser parar, morrer em vida, é momento de se agarrar à fé. Fé em Deus, em algo superior, em alguma força que venha não se sabe de onde, fé no que temos dentro de nós – a gente é mais forte do que imagina. Por isso é que sempre haverá alguém que não desiste de nós. Por isso é que fomos feitos para durar.

Marcel Camargo

"Escrever é como compartilhar olhares, tão vital quanto respirar".

Share
Published by
Marcel Camargo

Recent Posts

Só os mais atentos conseguem desvendar o 2º rosto dessa ilusão de ótica

Uma nova ilusão de ótica tem desafiado os internautas, com uma imagem que esconde um…

22 horas ago

A comédia romântica da Netflix que promete conquistar seu coração e te levar a lugares paradisíacos

A sequência do aclamado musical “Mamma Mia!” fez sucesso entre os fãs do musical e…

23 horas ago

Hemocentro de cães e gatos convive também com a falta de sangue para salvar os animais

Hemocentro de cães e gatos convive também com a falta de sangue para salvar os…

1 dia ago

Você precisa sempre deixar a casa arrumada? Saiba o que diz a psicologia sobre esse hábito

Ter uma casa impecavelmente organizada pode parecer apenas uma preferência, mas para a psicologia, esse…

2 dias ago

Esta comédia romântica da Netflix tem um charme irresistível que vai derreter seu coração

Prepare-se para uma experiência cinematográfica que mistura romance, nostalgia e os encantos de uma Nova…

2 dias ago

Esportes infantis: equipamentos e acessórios indispensáveis para seu filho brilhar

Saiba o que não pode faltar para que seu filho pratique esportes com conforto

2 dias ago