Imagem de capa: Shunevych Serhii, Shutterstock
te encontro caminhando no Espaço mexendo nas estrelas que você não sabe de quem são.
te conto que vim dum Lugar mais molhado e salgado, cheio de ondas, marés e correntezas, já logo de cara justificando meu wild interno pra não assustar o bicho em você.
cê só sorri e me diz pra vir ver mais de Perto a estrela brilhante que tu achou.
fico, por alguns instantes, admirando a aleatoriedade de ter esbarrado em ti no meio dessa confusão espacional toda.
ou, ainda, a beleza dessa naturalidade toda, o modo como agimos como se já nos conhecêssemos de outras atmosferas celestiais que são bem maiores que a gente.
transbordo de Sensação e
esse feeling de conhecer-algo-já-antes-mesmo-de-conhecer me deixa doida,
como é possível sentir saudade daquilo que nem se sabe direito o que é?
daquilo que não se viveu?
nesse Espaço sem regra de tempo em que a gente coexiste,
sei que existem muito mais conexões e realidades e paralelismos energéticos do que se imagina,
e cê tá existindo e andando nesse Espaço Sideral onde eu habito também.
meu ponto é que tem um plano em que a gente se conheceu, esse plano da energia colorida que eu não sei explicar onde fica.
eu te abraço no Cosmos e sei que cê sente aí do outro lado também.
tem gente que vem pra vivificar a nossa massa interna do Agora,
a realidade me desvirgina e meus olhos acham que veem o olho do Tudo,
me enganando todos os dias certa de que meu toque atinge realmente o dentro das coisas.
não existe esse tal de limite entre mente e carne, ar e terra, nós
não estamos aqui agora e
nao tenho problemas com a dor de perder o que se foi.
tampouco me incomodam as pontadas no peito que a saudade dá,
eu na verdade me sinto até mais viva sentindo esses pequenos incômodos do estar.
o que me agonia mesmo são os fantasmas da gente dançando no escuro da não-eternidade,
vivendo pela gente todos os sorrisos que ficaram presos na imaginação.
o que me dói são as possibilidades perdidas,
tudo aquilo que poderia ter sido e não foi nesse plano daqui-agora.
se deixo você ir,
sinto que depois te esbarro na rua e a gente vive aquele oi-tudo-bem-como-vai-a-vida tão sem graça,
sendo que lá dentro do olhar é só parar pra perceber direitinho que dá pra enxergar cada realidade paralela em que vivemos juntos,
sendo que tu sabe muito bem que todas realidades são igualmente transcendentais.
e a questão toda é que assim não dá pra se enganar tão fácil pra saber se aconteceu de verdade ou não,
se cê só imaginou mesmo,
se sonhou,
e porque diabos isso tudo seria menos real que lembrança e sensação de pele.
tudo que meus olhos veem são rugas cósmicas marcadas na forma de luzes coloridas que me embalam os dias,
como saber se o real é o da mente da gente
ou se nos mentem no espectro do espaço-tempo?
o Olhar é a coisa mais sincera que existe nos Mundos e queria eu,
ingênua e criança,
conseguir levar a vida honesta assim que nem espelho d’alma.
queria poder ser o olho do meu próprio mundo.
mas, ao invés disso, a gente se prende em caixas imaginárias que inventamos pra botar lá dentro os Sonhos pra mofar,
achando que conhecemos a Grande Verdade das coisas só porque o fogo na pele queima e julgamos isso convencivelmente suficiente pra achar que a gente
(real)(mente)
existe.
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