Marcel Camargo

Cada vez que eu insisto em você, eu desisto um pouco de mim

Imagem de capa: David Pereiras, Shutterstock

“Insistir em certas pessoas é desistir de si.” (Matheus Jacob)

Um dos maiores perigos que nossos sentimentos correm, quando nos relacionamos com alguém, vem a ser a possibilidade de os fragilizarmos, por conta de nossas próprias fraquezas e inseguranças. Não é difícil lidarmos com o que sentimos quando amamos alguém, ainda mais quando o outro não se entrega, não se mostra inteiro, nem pronto para estar ali junto.

Quando somos intensos e verdadeiros, quando apostamos todas as fichas e nos entregamos de corpo e alma a alguém, esperamos nada menos do que retorno na mesma medida. Embora cada pessoa aja conforme o que tiver para dar, a gente sempre acaba desejando que ajam como nós, porque parece que não conseguimos nos conscientizar de que nem todo mundo tem o mesmo coração que o nosso.

Criamos expectativas em relação a tudo e a todos, o que não é de todo ruim, uma vez que são as esperanças que nos motivam a não desistir daquilo que faz o nosso íntimo vibrar. Porém, quando esperamos demais, além da conta, achando que o outro mudará, que seremos valorizados e receberemos gratidão por tudo o que somos e fazemos, mesmo quando a realidade à nossa frente nos grite que ali nada florescerá, a gente acaba desistindo aos poucos da felicidade.

Depositar todos os nossos anseios e sonhos no outro, fazendo com que nossa felicidade se encontre fora de nós, tornando o que somos dependente do que o outro é, insistindo no que já acabou – ou nem começou direito -, acabará por nos distanciar de nossas próprias vidas. Quanto mais se insiste em pessoas e em coisas vazias de retorno, menos a gente se ama, menos a gente rega o amor-próprio, mais e mais desistimos de nós mesmos.

É muito penoso lidar com a rejeição, com a ausência, com o vazio de quem permanece ao nosso lado por comodismo, por conveniência, desviando o olhar a todo momento. E a gente acaba, muitas vezes, tentando lutar por algo que já nem existe mais, inutilmente, esgotando forças que deveriam ser canalizadas ao fortalecimento do nosso amor próprio. Portanto, há que se ter sabedoria suficiente para largar mão de tudo o que não mais procura pelas nossas mãos. Afinal, desistir, nesses casos, equivalerá à nossa própria salvação.

Marcel Camargo

"Escrever é como compartilhar olhares, tão vital quanto respirar".

Share
Published by
Marcel Camargo

Recent Posts

Esse filme de romance da Netflix é a dose leve e reconfortante que seu fim de ano precisa

Se você é fã de histórias apaixonantes e da fórmula que consagrou Nicholas Sparks como…

2 dias ago

Na Netflix: Romance mais comentado de 2024 conquista corações com delicadeza e originalidade

Se você está à procura de um filme que mistura sensibilidade, poesia e uma boa…

4 dias ago

Pessoas que foram mimadas na infância: as 7 características mais comuns na vida adulta

Uma infância marcada por mimos excessivos pode deixar marcas duradouras na personalidade de um adulto.…

6 dias ago

“Gênios”: Saiba quais são as 4 manias que revelam as pessoas com altas habilidades

Alguns hábitos podem parecer apenas peculiaridades do cotidiano, mas segundo estudos psicológicos e pesquisas científicas…

6 dias ago

As 3 idades em que o envelhecimento do cérebro se acelera, segundo a ciência

O envelhecimento é um processo inevitável, mas não linear. Recentemente, cientistas do Primeiro Hospital Afiliado…

1 semana ago

Desapegue: 10 coisas para retirar da sua casa antes de 31 de dezembro

Fim de ano é sinônimo de renovacão. Enquanto muitos fazem balanços pessoais, é também um…

1 semana ago