Existem riso e coragem frente à morte? É possível, no pouco tempo restante, entregar-se ao sublime amor e sinceridade a fim de aparar arestas antes desvencilhadas durante anos? Truman (2015) mostra não ser apenas possível, como também direciona além. O premiado filme espanhol, vencedor do último Goya, equivalente ao Oscar – conquistou cinco das seis categorias do qual foi indicado, incluindo Melhor filme, diretor, ator, ator coadjuvante e roteiro, é um deleite claro de celebração e reconhecimento para os amores puros tão facilmente dispersos nos tempos atuais.
O argentino Ricardo Darín vive Julían, um ator acometido por um câncer terminal. Julián recebe a visita inesperada do seu melhor amigo, Tomás, papel do espanhol Javier Cámara. No reencontro para durar somente quatro dias, a oportunidade de recordar histórias, selar uma amizade que transcende os caminhos distintos e uma missão especial: encontrar um lar para Truman, o cachorro de Julián. A premissa sensível, por si só já prepara o espectador para muitas lágrimas, mas seguindo o caminho inverso de ser uma produção regida por um sentimento de tristeza profunda, aqui, o longa preocupa-se em transparecer liberdade, tato e presença. Cesc Gay não só dirige como também escreve uma linda história de inteiros permissíveis e encantadores.
Dos planos focados entre Darín e Cámara, expurgando através de olhares a síntese da pura amizade até os momentos dos quais a câmera percorre ambientes com músicas e subjetividades pouco vezes vistas. Talvez esse seja o grande diferencial do cinema europeu, a primazia por colorir sentimentos adversos ao contar uma história sem dramatizar a ponto de colocar um muro irreal entre o filme e o espectador. Gay consegue permitir essa intimidade com a dupla de protagonistas inspirada. Darín dispensa comentários. É de encher os olhos a entrega e a competência natural do ator. Cámara igualmente reflete todo esse cuidado e carinho nas suas expressões simplistas, no olhar franco e no sorriso mais afetuoso que se pode enxergar numa produção cinematográfica.
E na jornada para achar o lar ideal para Truman, resoluções entre os amigos, a despedida de Julían com o filho, o término da carreira teatral e o consentimento entre primos, de Julían com Paula, papel também em destaque e vivido por Dolores Fonzi. Camadas e mais camadas pontualmente distribuídas para depois serem somadas nessa preciosidade que dura pouco mais de 100 minutos.
No fim, nada de lamentos sem sentido. O otimismo prevalece tal como no início, com poesia, respeito, admiração e amor por instantes únicos vividos. Os quatro dias situados serviram apenas para reafirmar tudo aquilo que já era sólido e quente durante toda uma vida de riso e coragem.
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