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Em torno dos 4 anos de idade seu filho estará matriculado numa escola pública ou particular, de acordo com a sua conveniência. Tudo o que se espera dele, é que seja aprovado nas várias matérias ofertadas pelo ensino regular até que o ensino médio esteja concluído.
São os anos de ouro. A criança vai para a escola, estuda meio período, e volta para brincar em casa, durante o outro período. Quem não se lembra do gostinho bom da liberdade, de chegar em casa e jogar sobre o sofá a bolsa pesada? Até o dia seguinte, dificilmente tínhamos que pegar em livros de novo.
Dos 4 aos 17/18 anos, o jovem gasta 14 anos da vida sem preocupações seletivas, não se compara com ninguém, estuda para passar de ano, e nem se importa caso precise eliminar uma matéria com a nota mínima exigida.
Mas, ao concluir o ensino médio, por volta dos 18 anos, esse estudante será confrontado com o sistema brutal de seleção das universidades e se fará esta pergunta: por que ninguém me falou sobre isso?
Pois é. Por que ninguém fala sobre isso? Por que se escolhe ignorar o funil pelo qual o estudante terá que passar aos 17, 18 anos? Por que não monitorar o sistema de ensino que a criança recebe desde sempre? Por que não otimizar o tempo?
A resposta, talvez, seja essa: porque a nossa cultura empurra com a barriga tudo o que pode ser deixado para o dia seguinte.
Salvo exceções, as crianças são matriculadas na escola mais próxima de casa, e ali recebem o ensino que lhes é ofertado.
Sem mais. Não há acompanhamento por parte das famílias que nem sequer sabem o currículo que compõem as matérias escolares. Presume-se que a escola saiba o que ensinar.
Nem sempre.
Em boa parte das escolas – e aqui incluo também as escolas particulares – a excelência cumpre o seu papel contemporizador, de maneira que se prepara o estudante para ser bom no que recebe, e não no que poderia receber.
Não há desafios, e sem desafios, o aluno não se destaca, a não ser em áreas que requisitem a criatividade.
Por pior que seja uma escola, a criatividade sempre se destacará, mas não se vence a concorrência nos vestibulares com criatividade, senão com método, técnica, didática, razão, conhecimento, e raciocínio lógico bem desenvolvido por horas extras que elucidem dúvidas, e forneçam instruções adicionais.
Algumas famílias vivem um paradoxo: crêem estar oferecendo ao seu filho o melhor que podem, e ficam tranquilos com isso, mas se esquecem de perguntar se o que seus filhos estão recebendo é o máximo que podem receber, se estão sendo “aproveitados” em sua capacidade máxima, sem a qual todo estudante estará em desvantagem em relação àquele que foi desafiado em plenitude.
Eu arrepio sempre que vejo escolas que perdem tempo com programinhas culturais e festinhas que só desenvolvem o lado lúdico e social em detrimento do ensino de qualidade. Eu arrepio sempre que vejo adolescentes desocupados em casa sem preocupação com as exigências que a vida vai lhes cobrar, assim que terminem o curso médio.
Enquanto o menino ou a menina passam a tarde jogando na web há um aluno desafiado dando um extra para o seu intelecto, andando a segunda milha na companhia dos seus livros e cadernos.
Quem vencerá a concorrência? Certamente, o que se preparou melhor.
É questão de intelecto? Nem sempre. Os melhores nem sempre são os mais bem dotados intelectualmente, mas aqueles que forem desafiados, esses serão os melhores.
É questão de poder sócio econômico? Nem sempre. Os melhores nem sempre são alunos oriundos de classes economicamente privilegiadas, mas aqueles que forem desafiados, esses serão os melhores.
Tudo é uma questão de desafios.
Se o seu filho vai para casa, dia após dia, sem que o colégio ofereça aulas de reforço, sem tarefas adicionais pesadas para o contra turno, de modo que, em resposta a esse desafio, o estudante se dedique 5 horas pela manhã e 3 horas adicionais à tarde, pode saber e pode ter certeza: seu filho não está sendo desafiado, e sem desafios, ele não será um adulto competitivo, nem no vestibular e nem na vida.
O que é uma pena! E vou além: é uma perda de tempo irreversível.
Nunca mais terá uma fase como essa com tempo totalmente livre para se dedicar aos estudos, sem nenhuma preocupação adicional.
Essa é a fase do aprendizado por excelência. Na infância e na adolescência, o menino ou a menina não têm outra obrigação que não seja estudar, e se forem desafiados por um colégio que leve a sério a missão de prepara-los para enfrentar a concorrência, responderão positivamente a esse desafio.
A escola que não desafia o seu filho não é uma boa escola para o seu filho. Não importa o nome da escola. Não importa o sistema de ensino que ela adote. Não importa se é da rede pública ou da rede privada. Não importa quão religioso lhe pareça o seu método e quanta ética lhe inspire a sua conduta.
Nada disso importa. O que importa é: quantas horas o seu filho estuda por dia? Ele tem a percepção de que sabe pouco e precisa saber mais? Ele escolhe voluntariamente estudar em casa como parte da consciência de que a vida é marcada por processos seletivos não apenas no vestibular, mas para sempre?
Se a resposta for “sim”, parabéns, seu filho está preparado ou está se preparando de maneira efetiva para concorrer com milhões de outros jovens que nasceram no mesmo ano em que ele nasceu.
Se a resposta for “não”, mesmo que ele estude no colégio mais caro da cidade, mesmo que ele tenha ótimas notas, será preterido por outro jovem que foi desafiado, e compreendeu que o desafio do vestibular e da vida depende unicamente dele e das respostas que der às demandas da concorrência.
Nesse caso, não tenha medo de mudar. Por mais que o colégio onde seu filho estude a vida toda lhe pareça um lugar muito seguro, por mais que tenha nome, por mais que ali estejam matriculados todos os seus colegas, ele ficará muito mais feliz ao ser desafiado do que permanecendo na zona de conforto até o limite em que será confrontado com o tempo que perdeu.
O desafio começa com você, pai, com você, mãe. Desafie o seu medo, o seu conforto, e o matricule numa escola que o desafie até o limite das suas potencialidades. Sem desafios não há crescimento. Com desafios, o crescimento será a única alternativa. Mas não espere que a iniciativa parta do seu filho, porque são os pais quem devem antecipar-se às dificuldades, para que elas não sejam limitadores da vida de seus filhos.
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