Imagem de capa: Dark Moon Pictures, Shutterstock
Não coloque limites em seu sofrimento. Estire-o tanto a ponto de parecer estar esticado por uma avenida inteira para depois ele vir atrás de você, fazendo um forte efeito “bumerangue”. Para te sufocar, te culpabilizar, te imobilizar. Não coloque limites às pessoas que estão ao seu redor. Seja uma boa esposa, um modelo de trabalhador assalariado.
Estire sua paciência até não poder mais, porque sempre nos ensinaram que o sacrifício anda de mãos dadas com a virtude, embora isso não implique anular a nossa vida e os nossos desejos. Você pode escolher isso. Não coloque limites, mas você tem que saber que jamais irá receber um “obrigado” ou um “desculpe” por isso. Que as pessoas irão se acostumar tanto a ver você em um determinado papel, que não irão acreditar que você merece respeito por tudo aquilo que faz, pelo sentido da sua própria luta.
A consequência direta de suportar as coisas que machucam, palavras mal-intencionadas, golpes, abusos e negligências não é outra, senão a de transformá-lo na presa perfeita da selva urbana, na isca perfeita para todo tipo de predadores.
O preço de não colocar limites
Ninguém está te culpando por sofrer algum tipo de abuso ou ter atravessado uma metamorfose psíquica irreversível se você não pôde contar com a ajuda de que precisava a tempo. Há pessoas que sofreram tanto que acreditam que só servem como um mero saco de pancadas.
Você deve pensar que pelo menos, se não consegue ter forças para seguir em frente por si mesma/o, sempre pode entregar a última força do seu fôlego, a raiva que escondem os desejos dos seus suspiros ou o último esforço de subir uma escada para ajudar o outro a conseguir completar seus degraus.
Ninguém está te culpando por ter chegado a esse estado de indigência emocional, à sensação de que todo indício de magia e criatividade em seu interior foi engolido pelas circunstâncias. Mas se você ainda tem lucidez suficiente para perceber que se encontra neste estado, há tempo para dar um passo para trás e colocar o freio em certas situações.
Talvez você tenha tempo de não cortar relações com um machado, mas de eliminá-las pela raiz com uma linha de seda, como a “depilação indiana”. Quase imperceptível, mas infalível.
Talvez você se encontre neste maravilhoso ponto do caminho onde você sabe que ninguém virá em seu socorro, mas que também não é necessário que venham. Você está a tempo do que chamam de “uma cura expressa” do ambiente ao seu redor. Um detox social, rico em vitaminas e sem aditivos humanos tóxicos.
A importância de se “psicopatizar” para algumas pessoas
Não faltam psicopatas neste mundo. Infelizmente, às vezes eles são extremamente difíceis de detectar. Outras são apenas sombras tênues com alguns traços perversos. Injustamente, em certas ocasiões, pessoas com caráter e que se negam a calar perante a injustiça são tratadas de pior forma do que as primeiras.
Por isso, o preço de não saber colocar limites é muito alto. Este se eleva quando nos negamos a ver a realidade que temos diante de nós, quando não sabemos detectar as ofensas e/ou enfrentá-las a tempo. O cheiro do seu medo de abandono, da crítica ou do estigma se transforma no melhor aliado dos que não hesitam em fazer com que sua fraqueza seja sua primeira pele para amortecer os golpes.
Há tantos tipos de pessoas, tantas complexidades nas relações humanas, que seria impossível conhecer por que umas funcionam de uma forma e não de outra. Se tudo seguisse um roteiro ou um plano divino, seria tudo sem graça e sem sentido.
No entanto, alguns padrões relacionais parecem se repetir uma vez ou outra. Os observamos, os combatemos e sofremos com esses padrões. São aqueles caracterizados por um sistema comunicacional em que certas pessoas não têm voz. Padrões de relação em que alguém não coloca limites à sua entrega, mesmo que isso signifique a sua infelicidade.
Relações em que uma pessoa se nega o direito de poder pensar primeiro nela mesma. O preço de não colocar limites às exigências, às opiniões preocupantes que não foram solicitadas e aos maus modos é que você nunca irá receber o menor gesto de cortesia.
Não espere nunca um “desculpe” ou um “obrigado” de alguém que há muito tempo ultrapassou os limites do abuso emocional com você. Essas palavras de cortesia e de agradecimento serão outorgadas a alguém que, talvez sem dar nada, já ganhou o direito de todos os elogios.
Talvez seja um bom momento para voltar a recuperar sua pele, se “psicopatizar” um pouco, até o limite de que você seja a primeira nos seus planos e a primeira na lista de pessoas que você pode fazer feliz.
Você ainda pode ter muitas surpresas, saber colocar cercas em volta da sua resistência, rebelar sua outra face, mas sem ofender e cravar com aço tanto os seus limites quanto as suas limitações. Não espere nunca um “desculpe” ou um “obrigado” de quem permitiu que você ficasse de joelhos para que ele/a permanecesse em pé. Essa pessoa não te merece.
Fonte indicada: A Mente é Maravilhosa
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Que texto foi esse, adorei.