Imagem de capa: Patchara, Shutterstock
A resiliência é definida como a capacidade de enfrentar uma situação adversa e sair reforçado dessa situação. É a base para que utilizemos os problemas que surgem como um aprendizado que nos ajuda a melhorar. A resiliência é colocada à prova em situações prolongadas de estresse ou sofrimento, como pode ser a perda inesperada de um ente querido, sobreviver a uma catástrofe natural, maus-tratos na infância, etc.
Na outra extremidade do conceito de resiliência pode estar o desenvolvimento de um transtorno de estresse pós-traumático. Na vivência de um episódio traumático, cada indivíduo tem diferentes formas de enfrentar o ocorrido. Além disso, cada um pode avaliar de forma diferente o mesmo fato.
Segundo D’Alessio, a resiliência emocional englobaria o conjunto dos traços da personalidade e os mecanismos cognitivos desenvolvidos por um indivíduo que lhe conferem proteção diante de situações adversas, impedindo o desenvolvimento de um transtorno mental.
A resiliência a partir do ponto de vista neurobiológico
O cérebro é a central do sistema biológico responsável pela resiliência e regula os mecanismos neurobiológicos, psicológicos e cognitivos do indivíduo vinculados com a resposta ao estresse. O funcionamento do cérebro é dinâmico e pode modificar sua estrutura em função das necessidades percebidas graças à neuroplasticidade.
A recuperação da neurogênese no giro denteado juntamente com a remoção dendrítica do hipocampo são as principais alterações estruturais associadas com a resiliência e que podem ser alteradas durante o estresse prolongado. Os fatores que fazem com que cada indivíduo reaja de forma diferente a um mesmo estímulo potencialmente estressante têm natureza distinta: eles podem ser genéticos, circunstanciais, relacionais, etc.
Nos indivíduos resilientes, as variáveis constitucionais, biológicas e genéticas interagem com as variáveis ambientais e as condutas aprendidas para resolver determinadas situações adversas. Eles fazem isso evitando ou prevenindo um transtorno psiquiátrico. Assim, não é possível falar de uma única variável que faz com que uma pessoa seja resiliente.
Fatores influentes
Existem inúmeros fatores que influenciam a resiliência e a forma de enfrentar as situações adversas. Por exemplo, foi observado que as situações de alto cuidado materno na infância a favorecem. As pessoas que receberam este cuidado são mais resistentes ao estresse, precisando de eventos altamente estressantes para que o organismo desencadeie a mesma resposta que em outro indivíduo.
O estresse é um mecanismo fisiológico necessário para que o nosso organismo funcione, para realizar atividades ou para responder a estímulos exteriores ameaçadores ou perigosos. Mas o estresse crônico pode propiciar alterações prejudiciais no cérebro por ter maiores níveis de hormônios do estresse (cortisona e adrenalina).
O aprendizado durante a infância é outro fator que pode influenciar. O desenvolvimento de estratégias de enfrentamento dos problemas a partir de uma idade precoce também pode favorecer o desenvolvimento da resiliência.
A adversidade como aprendizagem
A resiliência não oferece apenas uma saída para os traumas ou problemas que em outras pessoas podem favorecer o desenvolvimento de doenças ou problemas graves. Ela também se caracteriza por dar um reforço que emana da própria experiência negativa. De aceitar o que foi vivido e usar isso para seguir em frente, de forma que a experiência significativa não seja esquecida, mas transformada.
Viver uma experiência traumática sempre vai ter um impacto na nossa vida e uma implicação negativa, por se tratar de uma situação altamente estressante. O segredo é transformar essa dor em força para seguir em frente e ter uma vida plena. Muitas vítimas de catástrofes ou experiências semelhantes utilizam sua experiência para ajudar pessoas que vivem a mesma situação.
Aceitar que não podemos mudar o que ocorreu e que nem sempre temos o controle do que acontece conosco são estratégias que podem ajudar a superar diversas dificuldades que aparecerem. Não ter medo de pedir ajuda às pessoas mais próximas ou que passaram pelo mesmo e confiar nas nossas capacidades podem ser estratégias muito eficazes. Utilize-as!
Fonte indicada: A Mente é Maravilhosa
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