Categories: Guilherme Moreira Jr.

La La Land: o encanto é mais intenso

Apesar de Hollywood ter uma predileção por musicais, historicamente, não foram todos que puderam ser chamados de inesquecíveis. Porque é um gênero difícil, onde o público precisa estar em sintonia com a narrativa apresentada e, mais do que isso, ter a sorte de estar no lugar certo, no tempo certo. Felizmente, assim é La La Land.

Damien Chazelle faz parte de uma safra exclusiva. Não há, em ascensão hoje, alguém que mescle habilidades técnicas com um sentir tão honesto e nostálgico nos seus roteiros. O que pode soar clichê para muitos, na verdade move todo o trabalho do jovem cineasta de 31 anos (32 no próximo dia 19 de janeiro). Premiado pelo cultuado Whiplash, Chazelle teve que esperar o sucesso do longa para ouvir um “sim” ao universo de La La Land. O importante é que ele chegou e trouxe uma experiência das mais puras e românticas de todos os tempos da sétima arte.

Logo de cara, cantorias e coreografias alegres. O plano aberto, as cores, o sincronismo, nada entrega ou mesmo prepara o espectador para o que está por vir. Somos apresentados para Emma Stone e Ryan Gosling, respectivamente, Mia e Sebastian. Ela, uma atriz aspirante. Ele, um músico de jazz sem lar. Do encontro banal, o início de outros encontros urgentes e sentimentais. Através das estações do ano, La La Land culmina em atos diversos. Ora para falar de amor, ora para falar de música. Noutras, cinema. O ponto em comum entre tantos assuntos? Sonhos.

Nas atuações poéticas de Gosling e Stone, particularmente, ela memorável e de fazer transpirar o coração. Talvez, desde Ingrid Bergman, beleza, carisma e uma chama artística não estivessem tão recorrentes como estão na ruiva de olhos expressivos. Um Gosling seguro, inspirado e remontando o jazz na sua essência e paixão. Cenários estonteantes, uma fotografia saída dos versos mais preciosos, uma direção avidamente semelhante aos grandes do passado, mas embutida de uma sutileza rara, única.

La La Land é sobre tudo. É gratidão, completude, essência, homenagem, referência, urgência, vida e um amor declarado. Exposto e sem medo algum de possíveis descaracterizações, Chazelle criou o ambiente propício dos apaixonados, dos que não desistem de serem arrebatados, dia após dia, por essa explosão eufórica, inocente e resiliente de amor.

Imagem de capa: LA LA Land (2016) – Dir. Damien Chazelle

Gui Moreira Jr

"Cidadão do mundo com raízes no Rio de Janeiro"

View Comments

Share
Published by
Gui Moreira Jr

Recent Posts

Como Gerenciar as Emoções em Momentos de Muito Estresse no Trabalho

O estresse no ambiente de trabalho é uma realidade cada vez mais comum. As exigências…

2 dias ago

Sobrevivendo ao abuso: como o EMDR transformou sua vida

"Foi então que uma amiga me recomendou o EMDR..."

3 semanas ago

A arte do day trading: quando cada segundo conta

O day trading é uma das formas mais dinâmicas e fascinantes de investimento, mas também…

3 semanas ago

EMDR: a abordagem psicoterápica adotada por famosos e que pode mudar a sua vida

Saiba mais sobre essa abordagem psicoterápica EMDR, prática reconhecida pela OMS e acessível também através…

4 semanas ago

Um dos romances mais amados de todos os tempos acaba de chegar à Netflix

Jane Austen, mestra em retratar as complexidades das relações humanas e as pressões sociais do…

4 semanas ago