Categories: Jéssica Pellegrini

“Entre tudo o que você poderia ser, você escolheu ser saudade.”

Ontem tocou a nossa música no rádio…

Eu já não tenho mais ela em nenhuma das minhas playlists. Embora eu tente fugir ou desviar os meus pensamentos, o acaso faz questão de martelar o meu coração e lembrar que você ainda lateja aqui dentro. Não é culpa minha, eu juro. Fiz o que estava ao meu alcance, aliás, consegui me desligar de você de uma forma que eu nunca imaginei que seria capaz: te ausentando das minhas derrotas e conquistas. É muito dolorido associar o fato de não poder compartilhar a minha vida com você. Logo eu, que sempre fui dependente do seu apoio e de todos os seus sorrisos. Agora me sinto desprevenida. É como vencer uma batalha, olhar para trás e não compreender os motivos em tanto ter lutado e me dedicado. Tudo sempre foi por você, isso é nítido.

Enquanto a música tocava e eu cantava, não vou negar que eu cogitei algumas vezes em trocar de estação. Mas contrariando os meus desejos daquele instante, aumentei o volume e segui o meu caminho um pouco mais leve. Deixei as lembranças dominarem todo o trajeto que eu já tinha prescrito. Diferente, é assim que eu posso descrever a sensação quando desci do carro e voltei para a realidade. Foi gostoso te sentir em poucos minutos, minutos esses que pareceriam horas enquanto eu dirigia. Eu fui muito além do destino que estava programado.

Me lembrei do seu abraço apertado em todas as vezes que eu sentia solidão. Apertei um pouco mais forte o volante. Passou um filme no meu para-brisas sobre a noite em que nos conhecemos. Errei o caminho. Se você soubesse o quanto eu pensei em você, talvez, você iria confirmar que o meu sentimento por você pode ser definido em apenas uma palavra: amor. Eu confundi esquerda com direita e travei na bifurcação. Não que você seja um abismo, mas como sabemos, existem obstáculos que exigem uma condução praticamente perfeita. Eu ainda sou aprendiz, nem sempre acerto na baliza. Continuo praticando o aperfeiçoamento.

Eu sorri em todas as vias que transitei. Os meus olhos até ficaram marejados, confesso, mas quando o assunto é você, eu só consigo associar coisas boas. Embora a música tenha acabado mais rápido do que eu queria, no fundo, eu aprendi que o controle já não está nas minhas mãos há muito tempo. O acaso sempre vai me levar para perto de você, mas a duração e intensidade dessa viagem será incalculável. Não se preocupe com o tempo, eu não tenho pressa e acredito que você também não tenha certa urgência.

Me deu saudade de quando eu tinha você. De quando eu era sua. Dos momentos únicos em que juramos amor eterno, ou daqueles que planejamos toda a vida. Deu saudade de correr para os seus braços, acelerar os passos para te encontrar ou de perder a hora por estar com você. Deu saudade de me declarar, de te surpreender e de me entregar na cama para você. Deu saudade de arrancar a sua roupa, escutar os seus suspiros e falar baixinho no seu ouvido o quanto eu sou louca apaixonada por você. Deu saudade do seu jeito único de fazer carinho, do seu olhar penetrante nos meus, das suas mãos me tocando e dos nossos lábios se encaixando. Deu saudade de te encontrar, de te roubar e não querer mais devolver. Deu saudade de discutir sobre os seus atrasos, faltas e erros. Deu saudade de te perturbar até você dizer chega, de te morder e marcar a sua pele. Me deu saudade de acordar e dormir com você. De sentir o seu perfume. Deu saudade de te encher de beijos, de tentar te irritar com algumas brincadeiras ou piadas bobas. É que me deu saudade absurda de você e de tudo o que envolve o seu nome. E saudade, não se explica em outras línguas.

Me desculpa se eu desapeguei rápido demais. Me desculpa se eu olhei para frente, enquanto você continuava olhando para trás. Eu sempre quis ser diferente de tudo o que você já conheceu e viveu, mas eu não consigo ser assim com você. Eu posso parecer uma pessoa fria, mas no fundo você sabe, que pensar em você derrete qualquer iceberg que possa existir em mim. É triste admitir, e por mais que seja dolorido, eu tenho que aceitar que a vida continua, mesmo sem você.

O pior dessa nossa história é que você é tudo o que eu sempre quis, exatamente como eu preciso. Mas ao mesmo tempo, você é tudo o que eu não posso ter. E em todas vezes que a minha razão supera a emoção, eu me lembro disso. E cada vez mais, eu morro por dentro. O que mais me machuca, é saber que para eliminar esse sentimento eu preciso cortar todas as raízes, sem guardar sementes. Ficar sem você sangrou tanto, que agora te reencontrar me destruiria de vez. Quem sabe, não devemos nos encontrar. Por hora, pelo menos.

Eu prefiro pensar que, às vezes, perder não significa algo negativo. Que o universo conspira a favor da nossa felicidade, fazendo com que desviemos do caminho errado, para tentar encontrar o certo. E se for para ficar com você, o destino se encarrega dessa missão. E o meu papel vai ser apenas, fazer valer a pena. Não tenha dúvidas, o meu tudo é por você. É que hoje me deu tanta saudade, que é melhor eu nem escrever mais. Estou tremendo de medo de não conseguir mais ser feliz sem você. Estou apavorada, desesperada.

Eu não quero sair por aí e procurar alguém como você…

Não existe alguém como você.

Nota: O título, que serviu de inspiração para o texto, é da autora Karla Tabalipa.

Jéssica Pellegrini

Nunca confie em uma escritora confusa e romântica. As controversas entre um texto de amor e outro de desilusão, podem causar questionamentos pessoais. Consequentemente, sequelas mais graves.

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Jéssica Pellegrini

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