Imagem: coloradore/Shutterstock
Todos fazemos uma ideia linda de como é o outro. Pintamos figuras em nossa mente, nos encantamos com tudo o que ele nos mostra. Desenhamos então em nosso mapa do coração os únicos caminhos para o outro percorrer. Temos certeza de que ele jamais entrará por outra rua. Achamos que o outro sempre vai percorrer o caminho da delicadeza, do amor, da sensatez, do cuidado com a gente. E quando ele resolve entrar por estradas que jamais pensamos que faria, nos decepcionamos. E isso acontece todos os dias, a todo momento. Nosso ego esperneia. Porque criamos a famosa expectativa. E o outro nada tem a ver com isso. Não foi ele quem nos frustrou, mas nós mesmos que inventamos de desenhar a tal imagem: linda e maravilhosa, sem defeito algum. Precisamos lembrar que todos estamos aqui para aprender a crescer através do amor, ninguém está pronto.
Ao mesmo tempo em que criamos expectativas e desenhamos as estradas que o outro pode percorrer, também fazem isso com a gente o tempo todo. O que precisamos ficar atento é o que faremos com essa decepção. O mais fácil é dar as costas e dizer: você não é o que achei que fosse, então tchau. Essa é uma atitude que não sei se chamo de covarde, mas que é mais fácil, é mesmo. Ou podemos então abraçar a grande oportunidade que a vida nos dá de amar de verdade. Porque é muito fácil amar o outro quando ele sempre preenche as nossas expectativas, é bacana, legalzão e todas os outros adjetivos que desenhamos para ele. Moleza. Mas quando nada disso acontece e o outro mostra um lado B, uma outra face que a gente não conhecia e nos surpreendemos, podemos então mergulhar no amor que há dentro de nós. Lembrar que esse ser humano também tem suas histórias, seus traumas, suas dificuldades. Que também está aprendendo nesse mundo de polaridades. E como diz Dom Miguel Ruiz em seu livro Os quatro compromissos: “Precisamos aprender a não levar as coisas para o lado pessoal”.
Não quero dizer que devemos permitir que o outro sambe em cima de nossos valores ou que permaneça ao nosso lado desvalorizando a gente, precisamos olhar para isso tudo com cautela e cuidado sim. Muitas vezes a melhor opção é partir. Mas em outras ainda há lindas e preciosas razões para permanecermos. O outro não é obrigado a percorrer as estradas que nós desenhamos para ele dentro do nosso coração, mas muitas vezes se olharmos com carinho, o veremos percorrer estradas ainda mais encantadoras.
Quando escolhemos olhar para o outro com o amor real, com o amor Divino, as atitudes dele já não importam tanto, porque o amor palpita mais forte do que elas. É sempre uma escolha nossa, a todo momento.
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