Imagem de capa: Antonio Guillem, Shutterstock
Quando nos conhecemos eu me derreti por você, imediatamente. Você se agigantou diante de mim e eu tive certeza que tinha encontrado o que sempre procurei. Não precisei de tempo ou informações, estava tudo ali, escritos nos seus olhos. Naquela mesma noite nos unimos num uníssono de entrega e paixão. Seu corpo colou no meu num encaixe perfeito. Suas mãos envolveram as minhas e nosso calor incendiou os lençóis. Seu beijo tocou minha alma e eu me rendi. Era toda sua. Os dias e noites se seguiram na mais perfeita sintonia e fomos nos conhecendo aos poucos, entendendo nossas diferenças e saudando as muitas semelhanças. O mesmo gosto para vinhos, a predileção por rock, a simetria de paladar, a equivalência de literatura e até a repulsa por azeitonas, elas sempre sobraram na nossa caixa vazia de pizza. Era tudo perfeito até que você partiu.
Como diz o ditado: “Quando a esmola é demais, o santo desconfia”, mas eu não desconfiei e por isso a dor foi alucinante. O seu “Estou confuso” me desestabilizou de tal maneira que passei a buscar em mim o que tinha te feito se afastar assim, tão repentinamente. Procurei nas minhas lembranças o momento em que te fiz desistir de tudo que havíamos construído juntos e cheguei a acreditar que tinha sido causadora do seu abandono. Vi o amor nascer em nós e não pude acreditar que ele havia morrido em você. Não havia.
Você voltou alegando saudade e retomamos nossa história do exato ponto onde ela tinha sido abortada. Suas malas foram desfeitas e suas camisas foram viver no meu armário. Vinho, rock, pizza e azeitonas esquecidas na caixa vazia. Tudo tinha voltado para o seu devido lugar e eu habitava seu peito novamente. Sem confusão ou questionamentos, pertencíamos um ao outro. Passeios na praia, mãos entrelaçadas, pôr do sol, mais vinho, sorrisos bobos e nossos lençóis incendiados. Eu já sonhava acordada quando tudo virou pesadelo. Suas camisas saíram do meu armário e você me deu as costas mais uma vez. “O problema não é você, sou eu. ”
Onde estava esse problema que eu não conseguia enxergar? O que te fez jogar a toalha de novo? Onde foi que eu errei? Novamente passei a me indagar e me punir por ter te espantado da minha vida. Achei que pudesse ter te sufocado, limitado seu espaço e por fim te forçado a partir de novo. Achei que tivesse amado de menos e me esquecido de te mostrar a imensidão do que sentia. Pensei que pudesse não ser merecedora de um amor verdadeiro e me arrastei para o fundo do poço. Mas por pouco tempo. Logo você voltou.
Pedidos de desculpa, declarações de amor e muito vinho. Nosso amor resistira a mais um período de turbulência e agora voava tranquilo. A felicidade voltava a reinar em nossa vida, mas com ressalvas. Por mais que eu te amasse muito, o medo de um novo afastamento atormentou meus dias. Eu calculava meus movimentos e preparava as conversas antes delas acontecerem. Eu não podia afugentar você mais uma vez. Eu não suportaria um novo abandono. Dei seu espaço, expus tudo que sentia e tentei te dar tudo que eu tinha de melhor. Em vão. Numa noite fria de inverno você fez as malas e partiu. Mais uma vez.
Esse era um pesadelo que se repetia e era cada vez mais doloroso e desgastante. Te ver virar as costas e caminhar para longe do meu viver me feria as entranhas e me quebrava em muitos fragmentos. Seria preciso reunir os cacos todos de novo e reconstruir o peito, mais uma vez. E foi o que fiz nos meses que se seguiram. Organizei as ideias, lambi as feridas e me reergui. Dessa vez sem autopunições e castigos. Os impedimentos eram seus, não meus. Esse ioiô emocional era algo que você vivia, mas eu não. Eu queria estabilidade e plenitude. Você nunca foi só uma aventura e eu sempre fui seu parque de diversões. Chega. A gente não pode reclamar do que permite que aconteça e eu sempre permiti que você me usasse assim. Não mais. Não pense em voltar. Eu cansei de te ver ir embora.
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