Imagem de capa: wavebreakmedia, Shutterstock
O que seria de nós sem essa mistura, meio louca, meio linda, e meio atrapalhada, de tantas venturas e desventuras que vão nos arquitetando ao longo dessa jornada?
Amores que deram certo, amores que não chegaram a acontecer, amores com os quais vivemos a sonhar, até aqueles que não deram em nada, ou deram completamente errado… É esse o vento em nossas velas. É isso que nos faz navegar.
De nada vale um dia se não amamos as coisas que temos, o trabalho que escolhemos, os amigos que acolhemos, os planos que tecemos, as vitórias que merecemos e os erros que cometemos. Ainda que nada seja pra sempre. E não é. Ainda, assim, só terá valido a pena qualquer coisa que nos tenha feito sentir amor.
Amor não é só feito de encontros e histórias de romances. Amor é também desencontrar-se do idealismo e das projeções. Abrir espaço, no peito e na vida, para relações que vão além dos finais felizes.
E quem é que quer um final feliz, afinal de contas?! O que a gente quer é que a nossa história seja escrita em capítulos intermináveis. Que haja outros motivos novos pelos quais a gente queira sair da cama, sair na rua, sair do prumo!
E é bom que a gente entenda que haverá dias assim, assim… meio sem sal e sem açúcar. Dias morninhos. Dias de calmaria. Dias que podem oferecer espaço para pausas bem-vindas. Reticências. Vírgulas.
Pausas são aqueles intervalos de gozo ou dor, em que somos agraciados pela vida com algumas chances de aproveitar a própria companhia.
Parar. Respirar. Olhar para os vazios com a mesma amorosidade que se olha para as conquistas ou os sonhos. Páginas em branco podem ser tão lindas quanto aquelas preenchidas de aventuras.
Há vazios que são absolutamente cheios de história. Esses espacinhos vagos, desocupados. Momentos da vida que nos ensinam a silenciar, a não dizer, a observar. Histórias diáfanas, incompletas, singulares.
Parar. Respirar. Dar a si mesmo o tempo necessário de absorver o que foi sorvido na avidez de ser feliz; na ganância de abraçar o mundo sem medir os braços; na voracidade de viver tudo de uma vez, como se amanhã nunca fosse chegar.
O que já foi, é lição dada. Se temos, ou não, a sabedoria de aprender, fica na nossa conta. O que está ao nosso alcance é ler nossas próprias histórias, com o desprendimento necessário para deixar ir o que não cabe mais, e oferecer páginas em branco para que histórias diferentes possam ser escritas.
O que nos cabe é a imensidão de novas e insondáveis oportunidades. Outros erros. Quem sabe alguns acertos. E a certeza absoluta de que é no improvável que reside o gosto da vida. Porque sabores previsíveis acabam perdendo a graça e lições que se repetem não servem para quase nada.
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