Imagem de capa: Petrenko Andriy, Shutterstock
Ele ainda é o amor da minha vida, aquele da adolescência, dos tempos do ensino médio. Não que eu esteja apaixonadamente louca, com o coração batendo mais forte por ele, mas ele ainda é o amor da minha vida, assim como outros são e nunca o deixarão de ser. Cada um em seu lugar, em algum canto da memória, guardado no coração, preservado na alma. Apesar de não ter acontecido nada entre nós, nunca vou me esquecer como ele fazia meu coração acelerar, parecia que eu ia ter um troço e não sabia o que fazer. Ficava completamente sem jeito quando ele se aproximava, às vezes, as mãos até tremiam, as pernas ficavam bambas e o frio na barriga me fazia transpirar, era difícil disfarçar.
E a alegria que eu sentia quando ele me escolhia para ser sua dupla para fazer os trabalhos?! Era indescritível, eu não nos enxergava como uma dupla, mas como um par. Me sentia super orgulhosa por apresentar os trabalhos com ele e adorava quando notava que pairava aquela dúvida no ar se nós éramos namorados. Apesar de não sermos, eu gostava disso, era como se estivesse marcando território. E quando ele tentou me ajudar numa prova de matemática e fomos pegos em flagrante pela professora?! Estava tudo na borracha, mas como não cheguei a olhar ela nos perdoou, então começamos estudar juntos para que isso não voltasse a acontecer.
Mas o melhor de tudo é que eu era a melhor amiga dele. Sim, nos melhores e nos piores momentos. Sempre estive ao lado dele, até quando não deveria, quando ele me chamava pra matar aula, por exemplo, mas era sempre tão legal… Fazíamos um tur pela cidade, comíamos coisas diferentes e riamos muito um do outro e de nós mesmos, éramos dois bobos alegres perambulando pela cidade e a gente amava sentar na praça e ficar observando as pessoas, o movimento.
Todos notavam o quanto eu gostava dele, era impossível disfarçar. Meu olhar mudava quando olhava pra ele, meu sorriso era outro, minha voz, meus gestos, meu jeito também. Eu gostava muito dele e ele gostava da nossa colega, que gostava do colega da outra colega, tipo aquele poema do Drummond, que João amava Teresa que amava Raimundo que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili que não amava ninguém. Essas coisa que acontecem no ensino médio…
Eu achava ele o menino mais bonito do mundo, mesmo com aquele jeito desengonçado, aquele óculos de nerd e o cabelo meio bagunçado. E, ainda acho, afinal, esse menino apesar de ter crescido e se tornado um homem, ainda existe dentro de mim. Seu sorriso, seus olhares, gestos e manias estão guardados num recanto nostálgico aqui dentro e quando me sinto só, deixo que essas lembranças voltem e me abracem para assim, uma vez mais, eu sentir o seu toque que um dia tanto me fez bem…
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