Esse jeito esquisito que Jesus tinha, de preferir os piores, né?
Me faz pensar, sabe gente, na beleza dos avessos: às vezes, a gente na pressa de encontrar, a gente não vê. Quantas vezes na minha vida eu desprezei as pessoas porque eu considerei o agora. É tão doído, né, a gente ser visto somente a partir do presente; quando as pessoas olham pra gente e só enxergam aquilo que a gente tem no momento.
Isso é fascinante em Jesus, por isso ele era capaz de preferir quem ele preferia. Porque Jesus não era um homem que se prendia ao presente. Eu acredito e acho interessante isso: que os amantes nunca esgotam as criaturas amadas, porque o amor sobrevive de futuro, né? Ele consegue enxergar o que agente ainda não viu, a pessoa que ama consegue enxergar o que outro ainda não é, vê o avesso, vê o contrário da situação.
É tão bonito a gente pensar que a beleza do tecido tem um sustento, uma trama está por trás de tudo isso, compreender as pessoas, amá-las, só é possível a partir do momento que agente entra na trama do avesso, quando a gente não enxerga somente aquilo que os olhos podem revelar, podem conhecer, mas, sobretudo, aquilo que ainda está oculto.
Deus nos ama assim, porque consegue enxergar o que a gente ainda não é, mas o que a gente ainda pode ser.
Padre Fábio de Melo
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otimooseu artigo