Vivemos e sobrevivemos aos mais diferentes desafios. Somos medalhistas dentro das nossas melhores modalidades e aprendizes diante do resto todo. Somos recordistas do tempo. Somos vencedores das olimpíadas da vida. Somos aqueles que caem duro no chão, mas levantam com tudo de novo.
No maior evento de todos os tempos, nós somos os atletas. Olhe para trás, tem muito carinho no rastro de cada batalha que passou. Olha para o lado, tem gente bacana gritando seu nome na arquibancada da vida. Olha para a frente, tem amigos esperando um abraço assim que você cruzar a linha.
Lembre-se que cruzar a linha nem sempre resulta em medalha. Focar apenas no pódio, atrapalha. Meu ponto de partida é sempre o último recorde. É vencendo esse número que fico mais forte.
Fazer melhor do que fiz ontem, é nisso que se baseia essa competição. Não há inimigos, concorrentes ou sabotadores, nada disso. Talvez um pouco desse terceiro aí ainda exista, mas não permito que persista. Só há um atleta que pode me vencer na próxima prova: o cara que sou hoje, – e que já é, graças a Deus, diferente daquele de ontem. Sendo assim, se apenas posso vencer de mim mesmo, é com apreço que vou lutar.
E ganhar! Talvez não seja o melhor lugar ou ainda o melhor tempo. Algum dia, e isso se repetirá muitas vezes, não será o meu dia. E vou correr mais na próxima vez, pois estarei mais preparado para isso.
No entanto, veja bem, só eu sei o que ganhei. Porque quando eu perco, eu ganho. Ganho experiência, garra, vontade de fazer diferente. Percebo que a expectativa que crio sobre mim é muito mais inteligente do que aquela que despejei no juiz. Se ele roubar no jogo, problema é dele. Eu ganhei.
O terceiro lugar do outro pode ser o meu primeiro, pois não há comparação entre minha chegada e a dele. Injusto seria fazer assim. Não sei em que condições ele correu a maratona, nem ele sabe de mim. Se fui ouro e você foi prata, quem vai dizer que a minha é a melhor medalha?
Talvez você tenha batido o recorde dos recordes da sua vida e o quinto lugar seja exatamente onde você queria chegar. Nem os últimos serão os primeiros, nem os primeiros mais importantes que os do meio, nem os do meio, nem isso, nem aquilo.
Só eu sei o que passei para chegar onde cheguei. Só você sabe as pedras que carregou para estar onde chegou e de quantos pedregulhos desviou, pulou, pisou e transformou. Se o cara do lado disser que você não pode, não lhe dê ouvidos. Nem ofensas, nem gritos.
Dê-lhe um sorriso e prossiga em frente. Não são eles, é a gente. Entende? Eu que supero meus medos, anseios, tormentos. Você que define a frequência, a distância, o meio. O resto é treino.
Acordamos todos os dias com a oportunidade de batermos nosso tempo. Não é você contra mim, não é assim. É você ao meu lado na olimpíada da vida. Sou eu na linha de chegada esperando que você faça sua melhor corrida. É você na arquibancada depois de uma vitória bonita.
Não vim aqui para ganhar medalhas, muito embora, claro, a gente se encha de orgulho quando carrega uma no peito. No entanto, vim mesmo é para vencer etapas, pé por pé, instante por instante, iluminado, radiante. Quero chegar lá onde ainda não cheguei. E quando chegar, quero ir além.
Ainda que a vida me ofereça duras batalhas ou o tempo se mostre mais devagar para mim do que para quem está mais à frente, ainda assim, sigo contente. A gente só leva nas costas aquilo que pode carregar, meu amigo.
Eu posso tudo. Você pode tudo.
E juntos, podemos o mundo.
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