Foi numa dessas tardes cinzentas, de poucas nuvens, com a temperatura beirando os níveis do inferno, que a gente se conheceu. O clima, ironicamente, foi perfeito. Não vou entrar em detalhes, nem nada. Quero avançar até o fatídico dia onde ela finalmente disse as três palavrinhas mágicas.
Você sabe muito bem do que eu estou falando. E foi assim, no sufoco, no sofá, enquanto a gente assistia a um desses filmes clichês, onde mocinho e mocinha sempre se beijam na última cena. “Eu te amo”, ela sussurrou. Fingi não ter escutado. “Eu te amo, seu bobo”, ela reforçou.
Eu já a amava, mas estava guardando essa carta na manga, até ter certeza de que ninguém sairia ferido. Jogado contra a parede, sendo observado por aqueles olhos castanhos e brilhantes, respondi que também a amava. O contrato foi selado com um beijo.
Pela afobação paguei o preço. Um dia o amor acaba. Certa manha acordei e, confesso, olhei para ela como se olha para um estranho. Quem era ela, afinal? Eu não sabia. Será que a gente nunca se amou de verdade? Prefiro pensar que amor também acaba.
Lágrimas, abraços e um último beijo. O contrato foi desfeito. Ela sabia, tão bem quanto eu, que desapegar também faz parte.
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