E não foram embora necessariamente por terem trazido maus-tratos, mas é que, por vezes, algumas pessoas que passam pelas nossas vidas não agregam e tampouco diminuem. Elas são esquecíveis. Chegaram e partiram em um tempo diferente, em um coração diferente.
Quantos relacionamentos já aconteceram pela casualidade dos instantes? Em quantas oportunidades entregamos afetos e recebemos uma descarada indiferença? O caminho natural seria pensar por baixo. Colocar demérito na própria atitude ou culpabilizar quem nada fez para merecer atenção. Mas é besteira atentar-se para isso. É nutrir um sofrimento desnecessário quando, na verdade, tudo o que fizemos foi sermos a nossa melhor versão. Infelizmente, nem todos os carinhos são garantias de reciprocidade. Infelizmente, temos hoje uma horda de almas que diz viver de mais, mas coloca-se de menos.
Não se engane, essas palavras estão bem distantes de serem lamentos embutidos por mágoas. Muito menos tratam-se de uma crítica social por quem deu com a cara no chão ao carregar sentimentos desastrados. Longe disso. Aqui, o que reside é simplesmente a constatação das entrelinhas deixadas durante uns dias, noutras noites.
Estar perto, somar e compartilhar dos mais variados relacionamentos é uma escolha. Sejam encontros efêmeros ou intensos, sempre existirão múltiplas possibilidades de caminhos. O entristecedor é perceber que, para muitos, certas escolhas precisam ser tomadas pelos outros e não por si. É a tal transferência de responsabilidade, sabe? Covardia das mais empobrecedoras desde que um casal qualquer, num século qualquer, decidiram que para terem suas vontades atendidas precisariam jogar entre eles.
É muito fácil falar de solidão e não saber ser só. É muito cômodo viver por amor e não saber amar-se. É, dentre tantas amenidades, pedir empatia e não saber estender a mão. Ainda assim, acenamos, balançamos a cabeça e deferimos outros pequenos gestos imaturos em prol das necessidades mais preguiçosas. Por quê?
Precisamos reconhecer limites. Devemos, o quanto antes, estabelecer algo mais para nós quando se trata de permitir quem fica. Porque muitos pedirão, com jeitinho, para ficarem. Mas desculpe, não me leve a mal. Não é que eu não me importe, mas algumas pessoas são esquecíveis.
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