Foto: Benjamin Balázs
Porque tarde é quando desistimos de amar. Da entrega do outro para o abraço de nós. Na dúvida, ame antes que seja breve. Esqueça o quanto de tempo precisa durar e permanecer. Ainda que tenhamos inúmeras chances de demonstrar ternuras, pouco adianta se estivermos presos e acovardados pelos instantes que poderiam ser únicos, tateáveis e presentes em muitos futuros.
Perdemos muitos afagos ao calcularmos momentos a dois. Insistimos em planejamentos, cobranças e expectativas para um amar que deveria emanar tranquilidade e presença diária. É sobre irmos além dos encontros banais, das construções convencionais e dos caminhos já percorridos por outras histórias românticas. A questão não é edificar o amor, mas sê-lo. Através de vias sinceras e organismos puros, onde legítimos são os que conseguem deixar transbordar sem ultrapassarem limites.
Um querer que não diminui, mas multiplica-se. Em cada sonho compartilhado, em cada viver pavimentado. Negar que o amor padeça é tarefa das mais difíceis. Mesmo nas suas impossibilidades, cabe a nós permiti-lo acima das indiferenças e egoísmos. Talvez, admirando-o com jeito, incursionando entre as suas nuances e vontades, possamos assim torná-lo mais do que um mero conceito narrativo.
Nem sempre amar será fogos de artifício. Por vezes, o céu desse sentir caberá apenas silêncios e nuvens tempestuosas. O que não significa um estar de menos. Mas enquanto colocarmos relacionamentos sob regras quentes e beijos mensurados, teremos somente fragmentos líquidos de todo o seu torpor afetuoso.
Por um amor livre, desmedido e vibrante. Tudo pode mudar no próximo instante, no próximo parágrafo, no próximo despertar. Ame antes que seja breve. Tarde não combina. Nunca é pouco.
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