Crer também é acreditar naquilo que não podemos tocar, mas que conseguimos sentir dentro do peito. Acreditar no que seria impossível é tornar possível e fazer valer a fé que se carrega na alma. No espírito das coisas que muitos desacreditam, nos milagres dos pequenos momentos, na consciência de uma existência plena e feliz, em tudo o que nos alimenta, mas não se posiciona necessariamente à frente dos nossos olhos.
Crer no amor como força do universo, – ainda que muitos dispersos desfaçam a magia em um passe de mágica, é um combustível e tanto para tocar a vida. Nos bosques floridos do tempo somos jardineiros das novas sementes e criadores dos genes que formam e transformam nosso DNA.
Está nas nossas mãos manter a chama acesa ou deixar que se apague com a nossa tempestade. É nossa escolha o que fazer com o que sobrou da chuva: encho o peito de esperança e recolho meus restos para criar um novo e inteiro pedaço de mim. Ou deixo que os cacos se partam ainda mais com a dureza da minha dor.
É nosso dever escolher por aquilo que vai nos trazer de volta. E só uma coisa pode nos devolver a nós mesmos: a crença de que nunca deixamos de nos pertencer, apenas somos levados pela correnteza do passado. No entanto, meu amigo, temos todos a corda invisível do amor que carregamos amarrada na cintura. Podemos fazer o caminho de volta segurando ela ou podemos refazer o percurso e chegar a um novo lugar.
Podemos qualquer coisa que acreditarmos ser possível e somos capazes de transformar qualquer coisa que nos contarem impossível. Se o importante não é o destino, mas o caminho – o que me impede de embarcar? Por qual razão os pés travam nos degraus do trem dessa viagem que fomos abençoados a fazer?
A resposta é uma só: porque paramos de acreditar no que as crianças chamam de verdade e passamos a viver o medo que nos paralisa. Somos nós que amarramos nossos braços e tornozelos no pau de arara da culpa. Porém, como diz a minha turma: está tuuuudo beeeeeem, pois também somos nós que soltamos os nós!
É hora de voltar a crer! De fazer acontecer! De voltar a viver! É hora de brilhar o olho, de refazer o escopo e começar de novo. É tempo de ouvir o sino do trenó do Papai Noel, aquele barulhinho especial que nos fazia tremer as pernas e correr para a janela da sala na espera de ver o rastro do bom velhinho.
É tempo de acreditar no ser humano e dar crédito aos nossos sonhos para que possamos pegar carona no trenó dessa nova vida, – que bate na porta trazendo um sol amarelinho feito o girassol no quintal da nossa avó e aquele cheiro do bolo de fubá que sai do forno da melhor amiga.
Acreditar é só uma questão de prestar atenção nos detalhes, nas pequenas coisas que nos arrancam sorrisos e nas emoções que ainda nos causam lágrimas. Acreditar é agradecer em alto e bom tom a oportunidade de estar onde estamos. Acreditar é uma bela forma de se manter vivo.
A fé é mesmo o barulhinho do guizo no trenó do Papai Noel.
Só vê quem não duvida e só ouve aquele que acredita.
Acreditar é embarcar!
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