Volta, não deixa a cama esfriar. Dorme só mais um pouco. Você lembra quando o sol invadia a janela e ali juntinhos, virávamos a conchinha e continuávamos a sonhar? Volta vai, encosta tua pele na minha, traz teu pescoço aqui na minha boca e me deixa respirar você!

Volta! Deixa que eu faço o café da manhã porque eu sei que você gosta, fecha estes olhos pequenos e sonha meu amor. Volta, me acaricia as costas daquele jeito que toma todos os meus arrepios, assume teu posto, teu trono, tua casa, tua cama, Minh ‘alma.

Volta vai, dirige pra mim que teu rumo é melhor do que o meu, mas dá a mão aqui que eu preciso te sentir aqui perto, o cheiro de morango dessa sua pele. Volta vai, já faz tempo nenhum sorriso ganhou o meu. Aprendi sorrir amarelo, senti, sem ti.

Volta! Aquieta meu corpo nessa voz de sono, deixa eu te contar que estava tudo errado, que escreveram toda errada minha biografia. Deixa eu te falar que ainda sou o mesmo que você conheceu, deixa eu te contar que aprendi a dormir de meias procurando seus pés na cama.

Volta! Mas volta por você, não por mim. Sigo ainda todo errado, machucado como quem perdeu uma briga, quem apanhou do amor. Volta, se der saudade de mim como eu tô de você! Não quero pra ninguém no mundo essa dor que mora aqui e passeia pela casa.

Volta, ou VAI! Segue sua busca, por você sabe o quê, e quem sabe se encontre, e perceba que o que fazia falta esteve sempre aqui. E então volta! Senta aqui do lado, tira logo a roupa, não deixa a cama esfriar.

Giovane Galvan

Giovane Galvan é taurino, apaixonado e constantemente acompanhado pela saudade. Jornalista, designer, produtor e redator, escreve por paixão. Detesta futebol e cozinha muito bem. Suas observações cotidianas são dramáticas e carregadas de poesia. Gosta do nascer e do pôr do sol, da noite, mesas de bar e do cheiro das mulheres pra quem geralmente escreve. Viciado em arrancar sorrisos, prefere explicar a vida através de uma ótica metafórica aliando os tropeços diários a ensinamentos empíricos com a mesma verdade que vivencia. Intenso, sarcástico e desengonçado, diz que tem alma de artista. Acredita que bons escritos assim como a boa comida, servem de abraço, de viagem pelo tempo e de acalento em qualquer circunstância.

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