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Perdoar é uma coisa. Conviver com o perdoado é outra completamente diferente!

Viver alimentando rancores por sentimentos feridos, confianças quebradas e corações partidos é tão sem propósito quanto andar por aí carregando uma bola de ferro amarrada ao tornozelo. No começo dói o pé. Aos poucos, a dor vai se irradiando para a perna. De repente, você desiste de ir a qualquer parte, porque o peso ficou insuportável. A dor, agora, é no corpo inteiro. E na alma.

É indiscutivelmente libertador aprender a perdoar. E nem tem nada a ver com ser altruísta e nobre, essas coisas que a gente trabalha na terapia; aquelas que a gente entende mais ou menos, acredita mais ou menos, digere mais ou menos. Nada disso! Perdoar é uma das coisas mais egoístas que existem! Não faz sentido?! Pare só um instantinho para pensar…

Enquanto a gente não perdoa, a pessoa que nos feriu, magoou, ferrou ou destruiu, continua morando dentro da gente. Essa criatura infeliz toma o nosso tempo em pensamentos ruminantes que ensaiam fazer a digestão, mas voltam toda hora à nossa boca com um gosto amargo e persistente.

Não perdoar é uma tremenda cilada. Enquanto não somos livres o bastante para conceder essa valiosa indulgência, o maior prisioneiro somos nós. Não perdoar é uma das mais poderosas formas de dar ao outro o poder de controlar as nossas emoções. O não perdoado vira quase uma obsessão, uma medalha enfiada na carne, um peso no coração.

Ahhhh… Mas eu concordo com você… Há coisas que são realmente quase impossíveis de perdoar. Maldades explícitas e implícitas que roubaram da gente a dignidade ou a vontade de viver. Atitudes traiçoeiras, capazes de fazer a gente ficar duvidando da própria inteligência e percepção da realidade. Comportamentos depreciativos que nos deixaram com uma sensação de inabilidade, falta de valor e de atrativos. Tudo isso é muito doloroso, e desnecessário, e destrutivo.

Inegável assumir que nenhum de nós está livre de cometer injustiças, errar, fazer as mais incríveis bobagens. No entanto, quando se trata de ter “pisado na bola”, de ter cometido uma grande ou pequena sacanagem, mas ser capaz de admitir que errou e fazer alguma coisa – qualquer coisa – para reparar ou, que seja, apenas demonstrar ao outro que percebeu o erro, ainda há alguma chance de diálogo, ou de escuta, ou de xingar mesmo e lavar toda a roupa suja. Ótimo!

Duro mesmo é quando a criatura fez, pisou, aprontou, sapateou e saiu assoviando, com cara de paisagem. Aí, não há alma santa que se garanta. Sem contar aquelas “peças raras” que, além de te sacanear, dão um jeitinho de virar a história e sair de vítima.

A questão é que o verdadeiro sacana, deixa mortos e feridos e não olha para trás. Nem lembra que a gente existe. Então, afinal de contas, qual é a lógica de oferecermos a essa espécie de indivíduo a nossa valiosa energia?

Sendo assim, hoje eu vou tirar o dia para distribuir perdões. Fica assim determinado! Estão perdoados todos e todas, sem distinção de sexo, tamanho, idade, cor, peso, altura e grau de mau-caratismo. Dedico a todos e todas o meu esquecimento. Considerem-se livres para baixar em outro terreiro. Devidamente deletados e deletadas, façam apenas a gentileza de desaparecer. Porque perdoar é uma coisa! Conviver com o perdoado é outra completamente diferente! Nesse nível eu ainda não cheguei!

Ana Macarini

"Ana Macarini é Psicopedagoga e Mestre em Disfunções de Leitura e Escrita. Acredita que todas as palavras têm vida e, exatamente por isso, possuem a capacidade mágica de serem ressignificadas a partir dos olhos de quem as lê!"

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  • Adorei o q foi dito neste texto...parece q foi escrito pra mim...pelo momento q estou passando...ajudou muito de como deverei agir ...sem noção como foi "tiro e queda" to me sentindo bem agora....obrigada

  • Sempre digo que a pior palavra que inventaram no dicionário foi "perdoar."...e quando se trata do mesmo sangue.....PIOR..mas o texto nos ajuda,conforta por sabermos que não somos os únicos a sofrer...vou. procurar mais sobre a autora .

  • Justo e significante. Vivi uma história onde fui traído e a pessoa inverteu os sentidos jogando toda culpa em mim negando avparcela de culpa dela!
    Sinceramente foi e ainda é difícil,sabe? Perdoar já consegui, agora ter de estar perto da pessoa por causa dos filhos, aí é a parte ruim sabe?
    Mas é o que tenho por ora e vou seguindo um dia após o outro na esperança de apagar de vez a pessoa que me amou e me traiu na mesma intensidade e com a mesma cara.

  • "Conviver com o perdoado é outra completamente diferente! Nesse nível eu ainda não cheguei!"
    Pois então, quando não há opção, como é? Quando tem que conviver diariamente com o "perdoado" ???!!!

    • Eu acho que esse finalzinho do texto, que você destacou, e que também me chamou a atenção, invalida tudo que foi dito antes. Se você não consegue conviver, é porque não perdoou de verdade e continua prisioneiro de sua amargura!

        • Desacordo de vc. Por completo.
          Criei 2 filhos sozinha. Eles chegaram a vida adulta. 1 se envolveu com drogas a outra gostava de dinheiro. O menino me espancou a menina entrou na justiça pq queria a casa. Abandonei tudo e fui p rua. Com uma mão na frente outra atrás. Hj tenho equilíbrio emocional, não tenho mais síndrome do pânico. Tenho um novo lar. É agora eles querem se aproximar. Não vou colocar em minha vida pessoas que não sabem o que é lealdade.

          • É Andreia so quem tem filhos sabe o quao duro é cuidar de filhos sozinha.Voce foi uma guerreira,te aconselho a perdoar porquevoce merece ter paz de espirito,mas nunca jamais volte a se aproximar deles ainda que sejam seus filhos,era para eles te tratarem como uma rainha.Siga em frente e te de o direito de ser feliz bem longe dessas duas cobras.

  • Nesse caso a solução é mudar de emprego constantemente, trocar a família constantemente kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk. Que legal! O perdão nos liberta para eternos fugitivo. KKKKKKKKKKKKKKKKKK

  • não é difícil perdoar e não é difícil conviver com o perdoado, se você tiver DEUS no coração.Mais se você não tem aí sim é impossivel porque quem faz a obra do perdão é DEUS.

  • Perdoar: perder para o ar. O ar é aquilo que não se vê, mas está lá, assim como Deus.
    Numa disputa perder por amor de Deus é contabilizar ganho, se é que se crê mesmo em Deus. E você esquece daquilo que perdeste; mas Deus não esquece.
    Perdoar é uma questão de justiça pois DELE vem todas as coisas - nenhuma folha cai da árvore sem que ELE esteja por trás. Seu nome é TODO PODEROSO. Conquistar ganhos através da disputa é ignorar isso.
    Antigamente se dizia: jogue o teu pão sobre as águas que depois de sete dias o recuperará. Porém Jesus mostrou que cinco mil homens podem ser alimentados com algumas migalhas. Esse fato nada tem com a sacolinha de judas que nada mais é do que a fé no poder do mundo cujo fim jaz no pó da terra.

  • Por mais que tentemos perdoar, não tem como evitar aquelas recaídas trazendo- nos um sofrimento sem tamanho que chega dar vontade de esfolar a cara do individuo e gritar que ela é a única culpada de todo teu sofrimento e que ela é que tem que redimir-se.

  • Não confundamos CONVIVÊNCIA, ESQUECIMENTO E PAZ. Pode conviver, talvez, esquecer jamais, agora paz, essa não tem para onde correr, precisamos de paz.

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Ana Macarini

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