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Pequeno gigante afeto

Venho aprendendo (e exercendo) ao longo dos anos sobre a importância dos pequenos gestos. Daquela mensagem sem data marcada, daquele telefonema só para dizer bom dia ou, sei lá, daquela visita surpresa no meio da tarde para dividir um chocolate.

Pequenas gentilezas geram grandes certezas. E o melhor de tudo isso: não custam nada além de um tempinho do seu dia. Coisa pouca perto da grandiosidade que esses gestos proporcionam no dia alguém.

Acredito muito que as pequenas demonstrações de afeto são mais importantes do que os grandes presentes. Aquela cartinha de amor, aquela flor no meio do caminho, o bichinho de pelúcia, o poema, a bala-chiclete que você adora. Sabe isso? Qual é a primeira sensação que você tem quando recebe alguma dessas coisas ou tantas outras possibilidades que temos para surpreender alguém que amamos?

Talvez não seja possível dar nome para essas pequenas alegrias, pois são tão sentidas e cabem tão profundamente dentro do peito que falta tempo para encontrar um termo que as definam. Às vezes, acredite, o seu amigo só está precisando de um bom dia, da lembrança afetuosa de uma foto que tiraram juntos ou de uma mensagem que diga o quanto ele é importante para você.

O tempo voa e tudo o que ele leva da gente são as emoções que tivemos ao longo da vida. As alegrias, as tristezas, os perdões, as felicidades e tantos outros sentimentos que dividimos, compartilhamos, doamos. Se não fizermos hoje as pequenas delicadezas da vida, como saberemos que amanhã teremos tempo para isso?

As pessoas vão embora em um piscar de olhos e nós não podemos correr o risco de termos deixado para amanhã o que devíamos ter dito hoje. Sabe isso? Se você não tem jeito para escrever, olha só, pode telefonar; se não sabe muito bem dizer o que sente, veja bem, pode escrever; se acha que não sabe fazer nenhum dos dois, tudo bem, faça do seu jeito, mas faça.

O prazer de encher o dia de alguém de alegria é mais de quem dá do que de quem recebe. O afeto que te dedico, saiba disso, volta todo para mim. Às vezes, olha que massa, volta dobrado. E o que perdi ao usar cinco minutos da minha manhã para falar, escrever ou enviar um bom dia?

Todo mundo gosta quando um amigo dedica um pedacinho das suas horas para fazê-lo sentir importante. Delicadezas tão breves, tão simples, tão pequenininhas, né? E o sorriso aberto do seu pai quando você liga para saber como foi o exame? E a alegria contagiante da sua avó após aquela visitinha surpresa para o almoço, que se estende até a sobremesa e, muito possivelmente, até o café da tarde?

Simples, muito simples. E se é tão simples, me diga, por que não fazemos? O que nos impede de parar o relógio um segundo para digitar o número do amigo e dizer: “ei, escuta aqui, estou com saudades” ou “cara, liguei só para lembrar que você é muito importante para mim”.

E por aí vai. É muito melhor a certeza de que arrancou um sorriso de quem você ama hoje, agora, nesse minuto, do que a possibilidade incerta de poder fazer isso amanhã. Quando vê, meu caro, você vai embora sem dizer tudo o que queria ter dito. Ou percebe que o outro foi embora antes de você apertar “enviar” naquela mensagem bonita que nunca escreveu, – e que teria feito uma diferença incalculável no dia dele. Sempre há tempo para amar o outro como as crianças amam: imediatamente.

Se o ontem já passou e o amanhã nem sei se vem só me resta amar hoje mesmo, nesse tempo presente que em milésimos de segundos não fará mais parte do agora. A coluna de hoje encerra mais cedo e não é porque não tenho mais nada a dizer.

Encerro aqui para que você tenha mais tempo de fazer neste segundo o que hoje não fez ainda: lembrar alguém que você ama de que ele nunca será esquecido.

Ju Farias

Não nasci poeta, nasci amor e, por ser assim, virei poeta. Gosto quando alguém se apropria do meu texto como se fosse seu. É como se um pedaço que é meu por direito coubesse perfeitamente no outro. Divido e compartilho sem economia. Eu só quero saber o que realmente importa: toquei alguém? É isso que eu vim fazer no mundo.

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