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Não tem que perder pra dar valor. Tem que dar valor pra não perder!

Diz pra mim: por que deixar partir para só então perceber que aquele sorriso era mesmo encantador?

Penso que, antes de deixar partir aquele abraço acolhedor, deveríamos valorizar quem está ao nosso lado, buscando sempre, de alguma forma, desconsertada talvez, demonstrar o quanto faz questão da nossa companhia.

É fácil querer ficar quando tudo vai bem, pois muitos veem apenas aquilo que os olhos permitem ver. Ah, como é raro alguém que enxergue o nosso melhor e que consiga ver a nossa alma bonita.

Como é difícil encontrar alguém que nos incentive a sermos melhores e que nos motivem a irmos atrás dos nossos sonhos, que saibam florescer em meio a tantos espinhos. Às vezes, reparamos demais na grama do vizinho e nos esquecemos de regar a nossa. Andamos tão distraídos, olhando para o que os outros possuem, que acabamos nos esquecendo de reparar naquele alguém que sempre está ali, nos piores momentos de nossas vidas. Um alguém que sorri com a alma e não apenas com os lábios, aquela pessoa que nos causa um riso fácil e que vê graça no nosso jeito desastrado de ser.

Esquecemo-nos, por um descuido qualquer, de dar valor ao bom dia em forma de “eu te amo” e àquele “se cuida”, como quem, na verdade, quer cuidar da gente. Deixamos o abraço com cheiro de saudade se perder e, como consequência, não valorizamos quem realmente se importa.

Não valorizamos quem não mede esforços para nos ajudar, deixando as desculpas de lado e desmarcando aquele compromisso, só pra poder nos encontrar novamente. Esquecemos quem segura a nossa mão nas tempestades, quem ora pela nossa vida e realmente se importa com ela. Não valorizamos o “boa noite” cansado, ao final do dia, e os esforços diários.

Por isso eu reafirmo: não tem que perder para dar valor, não precisa deixar partir aquilo que nos faz bem para só então percebermos o erro em não valorizar o que é bonito e sincero.

Não tem que perder um sorriso para, então, perceber o quanto ele trazia paz ao seu coração, deixando ir quem nos estende a mão, para notar o quanto aquilo nos sustentava nas tempestades.

Repara em quem sempre faz questão de estar perto, em quem não arruma desculpas e não usa o clichê “falta de tempo”. Tem sempre alguém disposto a ser companhia leve e querendo fazer morada. Sempre há alguém querendo nos levar para viajar em seu mundo, como quem deseja mostrar que o novo é bonito e não assustador como parece.

Não espere perder para perceber o quanto você poderia ter feito dar certo, no quanto aquele “bom dia” fazia a diferença no seu dia e aquele “boa noite” lhe arrancava um riso tímido, como quem faz cócegas em seu coração ao se lembrar de você antes de dormir. A grama do vizinho sempre vai parecer mais verde, se você continuar a não regar a sua. Não alimente a certeza de que o outro sempre estará ali, suportando os nossos erros e tolerando as nossas palavras duras.

Não tenha tanta convicção de que o outro irá suportar a nossa indiferença e o desprezo pelas coisas pequenas por tanto tempo. Um coração cansado não volta mais atrás; pode ainda pulsar, mas, por amor a si, decide não retroceder aos mesmos erros, pois não quer reviver as mesmas feridas, ainda que tudo pareça, na teoria, ser diferente.

Então, não espere perder para perceber o quanto aquele alguém coloria os seus dias e segurava a sua mão nos vendavais dessa vida.

Thamilly Rozendo

Estudante de psicologia, apaixonada por artes, música e poesia. Não dispensa um sorvete e adora um pastel de feira com muito requeijão, mesmo sendo intolerante a lactose. Tem pavor de borboletas, principalmente as no estômago.

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Thamilly Rozendo

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