Aqueles que nos procurarão quando em vez, nos momentos em que não encontrarão ninguém e então se lembrarão de nossa existência, deixemos que o tempo e a vida se encarreguem de ensinar-lhes a ser mais gente – se é que pessoas assim são capazes de aprender com os tombos.
Em tempos de relacionamentos fugazes, interesses líquidos e amores fracos, fica difícil mantermos nossa autoestima em um nível minimamente coerente. Fica difícil conseguir encontrar pessoas que conseguem se aproximar da gente de forma transparente e incondicional, saindo de si, do próprio mundinho, doando-se com generosidade sincera, mostrando-se disposta a fazer concessões, a parar bem de pertinho.
As pessoas, entre outras coisas, também são movidas por interesses, no entanto, ultimamente, parece que somente o que temos a oferecer em termos de materialidade e o que mais pesa na aproximação de quem nos procura. As necessidades atrelam-se majoritariamente ao que traz conforto material, popularidade, visibilidade social e status; ou seja, aquilo de mais precioso que temos dentro de nós não chega a valer nada.
Por isso é que algumas pessoas deixam de nos procurar, simplesmente porque o que temos é tão somente o que somos e podemos oferecer de humano, de sentimento, de afetividade. Isso é pouco, isso não tem etiqueta, o dinheiro não compra, isso não revela nosso salário mensal. E, assim, vamos deixando de ser prioridade na vida dos outros, enquanto assistimos aos amigos, parceiros, colegas de trabalho saindo à procura de alguém com quem possam desfrutar de conforto e pretenso sucesso.
Cabe-nos, nesse contexto, manter por perto somente quem vem com verdade e despretensão, quem vem somar, quem vem porque sim, sem interesses, sem cobrar por mais, quem nos enxerga além do que aparentamos. Os demais, que nos procurarão quando em vez, nos momentos em que não encontrarão ninguém e então se lembrarão de nossa existência, deixemos que o tempo e a vida se encarreguem de ensinar-lhes a ser mais gente – se é que pessoas assim são capazes de aprender com os tombos.
Somos humanos, somos sentimentos, não podemos achar que conseguiremos ficar tranquilos sendo opções últimas das pessoas, aceitando o desprezo que convém aos interesses alheios, o descaso de quem só nos enxerga quando quiser, quando estiver sozinho. Sempre seremos prioridade para a pessoa certa, para quem nos ama por inteiro e se entrega sem nem pensar em porquês. Já quem vier com menos, que se apequene para lá, bem longe de nossa felicidade.
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