Se a boca fala do que o coração anda cheio, isso explica eu estar tão calada. Absorta em meus pensamentos, meus sentimentos fugiram e a única coisa que eu sinto é vazio. Um vazio que me preenche por completo e me deixa alheia de tudo. Absorta em meus pensamentos, eu corro e eu fujo, fujo daquilo tudo que um dia me poderá fazer sentir de novo. Absorta, em meus pensamentos, eu ignoro todos os chamados e crio justificativas para o meu isolamento.
Tá tudo tão igual, tá tudo tão normal que até as palavras me faltam. Eu só sei escrever quando eu voo para longe. E eu ando pelos velhos lugares e me sinto um caso à parte. Falta um encaixe, o que sobra sou eu. Falta um motivo, o que sobram são erros. Ou medos.
Os caminhos se parecem mais longos mas eles ainda são os mesmos. E eu ando sem saber onde quero chegar. E eu ando pelos lados desertos, mesmo sabendo quem eu quero encontrar. Eu sei o que devo fazer mas o fato é que eu vou pelo caminho contrário.
As verdades se tornaram metades que eu deixei pelo caminho enquanto procurava abrigo. Os sonhos se tornaram ilusões que se aliaram aos meus medos, se tornando realidade.
O ar se tornou tão pesado, intragável. Os sonhos se tornaram tão distantes, perigo. As lágrimas se tornaram tão comuns, companhia. Os sentimentos se tornaram tão gelados, anestesia. E eu que pensava em ser salva, nem penso mais. Todo dia.
Mas amanhã é um outro dia.
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